EUA: ataque ao Capitólio completa 3 anos neste sábado (6/1)
Invasão ao Capitólio, nos EUA, ocorreu em 6 de janeiro de 2021. Ação de apoiadores de Trump provocou a morte de cinco pessoas
atualizado
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O ataque ao Capitólio dos Estados Unidos completa três anos neste sábado (6/1). No dia 6 de janeiro de 2021, apoiadores do ex-presidente dos EUA Donald Trump, inconformados com a vitória do democrata Joe Biden nas urnas, invadiram e depredaram o prédio que abriga o Congresso dos Estados Unidos (EUA).
Na ocasião, trumpistas ultrapassaram as barreiras de segurança e invadiram o interior do Capitólio. No local, ocorria sessão que confirmava a vitória de Biden nas eleições realizadas no ano anterior. Parlamentares que estavam no local precisaram ser retirados às pressas.
Após três anos, mais de 1,2 mil réus foram acusados em quase todos os 50 estados norte-americanos. As acusações incluem crimes como destruição de propriedade, agressão a agentes da lei, ataques a membros da mídia e outras condutas ilegais.
A invasão provocou a morte de dois manifestantes e três policiais, além de ter deixado outros 140 feridos. O prejuízo, segundo estimativas de outubro de 2022, ultrapassa os R$ 15,2 milhões. O montante engloba danos ao edifício e aos terrenos do Capitólio, além de custos relativos a prejuízos à Polícia do Capitólio.
Os apoiadores de Trump contestavam o resultado das eleições realizadas em 3 de novembro de 2020, em que Biden venceu o pleito por 306 a 232 votos no colégio eleitoral. Os trumpistas, inflamados pelo discurso do candidato derrotado, acusavam o pleito de ter sido alvo de uma fraude — alegações essas que jamais foram comprovadas.
Momentos antes da invasão, Trump afirmou que Mike Pence, que participava da certificação da vitória de Biden, “não teve a coragem de fazer o que deveria ter feito para proteger nosso país e nossa Constituição, dando aos estados a chance de certificar os fatos corretos, não os fraudulentos ou inexatos”. Ele era pressionado para não reconhecer o resultado dos votos de alguns estados no Colégio Eleitoral.
Após o motim, Trump voltou ao Twitter e pediu paz aos manifestantes. Por causa dos confrontos, a prefeita de Washington, Muriel Bowser, decretou toque de recolher na cidade por 12 horas.
Investigações
Nos Estados Unidos, o episódio rendeu a abertura de um processo de investigação, considerado o maior e mais complexo da história da Justiça americana. As acusações mais graves são direcionadas a integrantes de grupos radicais de extrema direita, como Oaths Keepers, Three Percenters ou Proud Boys.
Leonardo Paz, pesquisador do Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional da FGV (FGV NPII), destaca que, diferentemente do que ocorreu no 8 de janeiro, as prisões e identificação dos atores têm ocorrido de forma paulatina. “O processo ainda está andando, tem pessoas sendo presas até hoje e grande parte está se declarando culpada e entrando no processo de negociação das penas”, diz
“O que eu acredito que está mal discutido nos Estados Unidos é a gravidade do evento em si. Mais parece que as pessoas cometeram crimes e, por consequência, estão sendo julgadas por isso, mas como se fossem coisas mais individualizadas. Um evento desse, se considerado uma insurreição, teria um tratamento mais sério”, explica.
Em dezembro, a Suprema Corte do estado norte-americano do Colorado proibiu que o ex-presidente apareça nas cédulas de votação do estado nas primárias republicanas, marcadas para este ano. A corte entendeu que o ex-mandatário violou a Constituição e não pode concorrer mais uma vez à presidência.
A decisão considera que o ex-presidente violou a seção 3 da 14ª emenda do texto constitucional. Nesse trecho da Constituição há uma previsão de que ninguém que ocupar qualquer cargo, civil ou militar, nos Estados Unidos poderá ter se envolvido em insurreição ou rebelião contra o país.
Leonardo Paz explica que, no texto constitucional, não é expressamente escrito que candidato a presidente da república não pode concorrer se for enquadrado por essa emenda. No entanto, ele sublinha que a decisão do Colorado representa um marco para o tratamento do Capitólio como uma insurreição.
“Talvez esse seja o principal elemento, de tratar esse evento como uma insurreição e não só como uma depredação de prédio público”, diz. O pesquisador, porém, vê como pequenas as chances do evento impactar na disputa eleitoral deste ano, podendo influenciar apenas um nicho moderado, nos chamados swing states.
O ex-presidente Donald Trump recorreu à Suprema Corte dos Estados Unidos (EUA), na última quarta-feira (3/1), para tentar reverter a decisão que determinou que o nome dele não apareça nas cédulas eleitorais do estado do Colorado.