Entenda o cenário eleitoral dos EUA a menos de 1 mês das eleições
Uma das eleições presidenciais mais concorridas da história dos EUA acontecerá em 28 dias, entenda a trajetória dos candidatos até aqui
atualizado
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A eleição presidencial dos Estados Unidos está em sua reta final. A 28 dias do pleito, os candidatos Kamala Harris e Donald Trump se enfrentam em uma das eleições mais acirradas da história dos EUA, de acordo com especialistas.
O pleito de 2024 já começou com reviravoltas, pois o candidato inicial do Partido Democrata era o atual presidente dos EUA, Joe Biden. No entanto, após o mau desempenho no debate presidencial contra Donald Trump e uma série de deslizes, foi colada a imagem de “senil” em Biden. Aliado às gafes, o baixo desempenho nas pesquisas fez com que o partido e os eleitores democratas pressionassem internamente para que ele abandonasse a candidatura e indicasse sua vice-presidente, Kamala Harris, para assumir a corrida eleitoral.
No dia 21 de julho Joe Biden deixou a disputa e Kamala Harris assumiu o seu lugar, o que mudou completamente o rumo da eleição. Kamala começou a performar bem melhor que o presidente em todas as pesquisas eleitorais e com apenas uma semana na corrida eleitoral, ela já havia assumido a dianteira da corrida.
Enquanto Joe Biden ainda estava na eleição, Donald Trump estava em uma posição favorável, mas quando a vice-presidente assumiu, ela trouxe novas estratégias que, segundo analistas, desestabilizaram o ex-presidente tal qual subverter a dinâmica trumpista ao se recusar a responder as ofensas proferidas por ele e ao reduzir o número de entrevistas para a mídia tradicional.
Donald Trump continua mostrando indignação pela troca de candidatos repetindo que Biden teria sofrido um golpe do próprio partido.
“A presidência foi tirada de Joe Biden, e eu não sou fã de Biden, mas vou lhe dizer uma coisa. De um ponto de vista constitucional, de qualquer ponto de vista que você observe, eles tiraram a presidência dele. Eles o forçaram a sair. Foi um golpe. Nós tivemos um golpe. Esse foi o primeiro golpe da história do nosso país, e foi muito bem-sucedido”, afirmou Trump.
Tentativas de assassinato de Trump
A eleição ainda foi marcada por duas tentativas de assassinato contra Trump. A primeira foi no dia 13 de julho, durante um comício em Butler, Pensilvânia. Um jovem em cima de um prédio, com um fuzil AR-15, atirou contra o ex-presidente, e o tiro pegou de raspão em sua orelha direita.
A segunda ocorreu no dia 15 de setembro, quando um homem estava escondido atrás de arbustos no clube de golfe de Trump, em West Palm Beach, na Flórida, com um rifle. Nesse incidente, nenhum disparo chegou a ser feito, pois o Serviço Secreto o identificou antes.
As eleições dos EUA possuem uma dinâmica diferente das brasileiras, diante desse cenário, o resultado é definido pelos chamados “swing states” (estados-pêndulos), que são aqueles que não têm um partido definido, ou seja, eles variam de eleição para eleição e, por isso, são os principais alvos dos candidatos.
Sendo assim, nesse último mês o foco dos candidatos está nesses sete estados, Arizona, Georgia, Michigan, Nevada, Carolina do Norte, Pensilvânia e Wisconsin.
Ataques de todos os lados
Trump está intensificando ainda mais as ofensas pessoais contra Kamala e, como resposta, a vice-presidente também tem utilizado a história do ex-presidente para atacá-lo. Os dois candidatos participaram apenas de um debate juntos, em 10 de setembro, pois o ex-presidente se recusou a participar de um novo embate com Kamala Harris, após todos os analistas políticos afirmarem que a democrata venceu o embate.
Kamala realiza ataques a Trump, mas busca se ater a informações verdadeiras que tenham um impacto efetivo na eleição, como as condenações pela Justiça de Donald Trump, a forma como ele se dirige a mulheres, suas políticas como presidente. Ela também reforça a imagem de que Trump seria um golpista que teria instigado seus apoiadores a destruírem o Capitólio por não aceitar o resultado das eleições.
Já o ex-presidente desfia todos os tipos de ofensas pessoais contra a democrata: questiona sua identidade racial e sua opção por não ter filhos. Além disso, a chama de mentirosa.
“A mentirosa Kamala Harris, honestamente, acredito que ela nasceu assim. Há algo errado com Kamala. E eu simplesmente não sei o que é, mas definitivamente há algo faltando”, disse Trump.
Principais embates
Os dois candidatos estão em campos diferentes da política norte-americana e discordam sobre diversos assuntos. As discordâncias ficam maiores em relação a políticas de imigração, questão do aborto e problemas ambientais.
O candidato republicano é conhecido por fazer acusações duras e planos extremos em relação a imigrantes, enquanto Kamala entende que é uma realidade que precisa se administrada com parcimônia.
Trump afirma constantemente que os imigrantes são criminosos que cometem crimes violentos e destroem a economia do país. “Muitas cidades não querem falar das invasões de imigrantes. Em Springfield os imigrantes estão comendo cachorros e gatos. Eles permitem que criminosos entrem no país. Ele permite que pessoas da Venezuela entrem nos EUA para matar os cidadãos”, disse Trump.
Kamala, no entanto, afirmou que “chega a ser engraçado uma pessoa condenada, que responde por crimes fiscais e crimes sexuais falar sobre aumento de crimes nos EUA. Trump fez de tudo para vetar o projeto de lei que garantiria um orçamento maior para fiscalização nas fronteiras”.
Outro tema que os divide é o aborto. A Suprema Corte norte-americana, em 1973, concedeu às mulheres dos Estados Unidos o direito ao aborto até a 24ª semana de gravidez, mas essa realidade mudou em 24 de junho de 2022, quando o tribunal, de maioria conservadora após as nomeações do ex-presidente Donald Trump, revogou a decisão e devolveu aos 50 estados do país a decisão sobre a questão.
Essa manobra política de Trump levou 20 estados a proíbem o aborto ou a restringem o procedimento e continua sendo defendida por Trump.
Já Kamala tem buscado focar sua agenda em defender o retorno ao direito ao aborto a todas mulheres dos EUA, reforçando constantemente como Trump foi o culpado pela morte de milhares de mulheres pelos EUA.
“Hoje à noite, na América, muitas mulheres não conseguem tomar essas decisões. E sejamos claros sobre como chegamos aqui: Donald Trump escolheu a dedo membros da Suprema Corte dos EUA para tirar a liberdade reprodutiva. E agora, ele se gaba disso”, disse Kamala.
A questão ambiental é um dos principais pontos de discordância entre Kamala Harris e Donald Trump. Enquanto a democrata é caracterizada como “defensora comprovada do clima”, o republicano se posiciona como negacionista das mudanças climáticas.
Em live com o dono do X, Elon Musk, ao ser questionado sobre as mudanças climáticas e os riscos que apresentam ao mundo, o ex-presidente alegou que “a maior ameaça não é o aquecimento global, onde o oceano vai subir um oitavo de polegada nos próximos 400 anos. A maior ameaça é o ‘aquecimento’ nuclear”
Enquanto Kamala faz questão de marcar seu posicionamento no discurso de aceitação durante a Convenção Democrata, em agosto deste ano. A candidata afirmou que todas as liberdades estão em jogo nesta eleição, incluindo “a liberdade de respirar ar puro, beber água limpa e viver livre da poluição que alimenta a crise climática”.