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Entenda como o fechamento do espaço aéreo russo impacta voos no mundo

Companhias aéreas estão cancelando ou alterando rotas, o que tornará as viagens mais caras e longas. Rússia tinha o 11º maior mercado aéreo

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Movimentação de viajantes vindos do exterior no desembarque no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos
1 de 1 Movimentação de viajantes vindos do exterior no desembarque no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

O fechamento do espaço aéreo da Rússia às companhias de outros 36 países tem feito com que as empresa desviem ou cancelem voos, tornando as viagens mais caras e longas. A medida traz um novo impasse para a recuperação do setor, que ainda não conseguiu alçar grandes voos depois da crise econômica causada pela pandemia da Covid-19.

A União Europeia (UE) e o Canadá impuseram, nesse último domingo (27/2), uma proibição geral às viagens russas. Em contrapartida às sanções, o maior país do Leste Europeu determinou, nessa segunda-feira (28/2), o fechamento do espaço aéreo a companhias do Reino Unido, da França, do Canadá, e de outros 36 países (veja aqui a lista completa, em russo). Os Estados Unidos ficaram de fora neste primeiro momento. O presidente Joe Biden (Partido Democrata) anunciou o boicote às aeronaves russas apenas nessa terça-feira (1º/3).

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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que pode desencadear um conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível guerra

Wolfgang Schwan/Anadolu Agency via Getty Images
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito

Agustavop/ Getty Images
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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local

Pawel.gaul/ Getty Images
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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km

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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia

Andre Borges/Esp. Metrópoles
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país

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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro

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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta

OTAN/Divulgação
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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território

AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território

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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado

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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles

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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo

Vinícius Schmidt/Metrópoles
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Em meio à troca de acusações, os Estados Unidos dizem que há uma ameaça "iminente" de Moscou a Kiev e enviaram mais de 8 mil soldados para a Europa Oriental

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Putin reconheceu oficialmente a independência de duas regiões da Ucrânia controladas por separatistas pró-Rússia. Poucas horas depois, anunciou o envio de soldados para Donetsk e Luhansk, com a suposta missão de pacificar a área

Alexei NikolskyTASS via Getty Images)
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Como resposta, a União Europeia e os Estados Unidos proibiram transações econômicas com bancos e entidades que financiam o aparato militar da Rússia. As medidas atingem políticos russos, bancos, o setor de defesa e de mercados de capitais

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O Ministério das Relações Exteriores russo informou que evacuou os últimos diplomatas em serviço no país vizinho. Para a chancelaria de Putin, os diplomatas russos correm risco de sofrer violência

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Sob risco de invasão, o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, pediu mais armas aos países do Ocidente. Ele defendeu que essa seria uma forma de resistir contra a Rússia

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Antes da Covid-19, a Rússia era o 11º maior mercado de serviços de transporte aéreo em número de passageiros, incluindo o seu grande mercado doméstico, de acordo com a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês).

Em nota (leia aqui, em inglês) divulgada nessa terça-feira (1º/3), a Iata assegura que o tipo transporte é resiliente a choques e é improvável que a guerra na Ucrânia afete o crescimento a longo prazo do setor. “É muito cedo para estimar quais as consequências de curto prazo para a aviação, mas é claro que existem riscos negativos, principalmente em mercados expostos ao conflito”, alerta a associação.

O órgão diz que os fatores de sensibilidade incluem a extensão geográfica, a gravidade e o período de tempo do fechamento dos espaços.

“O impacto nos custos das companhias aéreas como resultado das flutuações nos preços da energia ou do reencaminhamento para evitar o espaço aéreo russo pode ter implicações mais amplas. A confiança do consumidor e a atividade econômica provavelmente serão afetadas mesmo fora da Europa Oriental”, diz.

Sem acesso às vias aéreas da Rússia, aeronaves têm que desviar voos, ampliando gastos com combustível, por exemplo. A situação fica mais delicada com o petróleo Brent, indicador do mercado global de preços, que alcançou US$ 105. Preocupados com os impactos na segurança energética, EUA e outros 30 países da Agência Internacional de Energia concordaram em liberar 60 milhões de barris de petróleo de suas reservas de emergência após a invasão russa à Ucrânia. É a primeira vez que isso acontece desde 2011.

Desvio e cancelamento de rotas

Maior companhia da Finlândia, a Finnair anunciou que, devido ao fechamento do espaço aéreo russo, avalia rotas alternativas de alguns voos para o Japão, Coreia e China. A companhia cancelou viagens para esses destinos até 6 de março. Para a Rússia, os voos estão suspensos até 28 de maio.

“Continuamos voando de Helsinque a Bangkok, Phuket, Cingapura e Delhi e de Estocolmo Arlanda a Phuket. Evitaremos o uso do espaço aéreo russo, o que aumenta o tempo de viagem em quase uma hora”, detalhou a empresa (leia aqui, em inglês).

Ao anunciar a suspensão de voos para a Rússia, a Air France-KLM, também cancelou temporariamente voos para China, Coreia do Sul e Japão, “enquanto estuda planos de voo que evitam o espaço aéreo russo”, segundo registro da agência Reuters. Voos da British Airways e Virgin Atlantic também foram afetados pelas medidas retaliativas.

A seguir, veja como um voo da British Arways, que saiu de Delhi, na Índia, para Londres, na Inglaterra, precisou desviar a rota para não passar sobre a Rússia. O registro foi feito pelo Metrópoles junto ao site FlightRadar24.

Já os Estados Unidos, até a noite dessa terça-feira, não haviam deliberado sobre o tema, apesar de ter alertado que cidadãos norte-americanos que estão na Rússia devem considerar a “saída imediata” do país. “Um número crescente de companhias aéreas está cancelando voos para a Rússia, e vários países fecharam seu espaço aéreo para companhias aéreas russas”, informou a Embaixada dos Estados Unidos na Federação Russa, em comunicado (leia aqui, em inglês) no domingo (27/2).

Nesta terça-feira, em pronunciamento transmitido ao vivo de Washington, Biden anunciou o fechamento do espaço aéreo dos EUA para aviões russos.

A Reuters apurou que se as companhias norte-americanas fossem impedidas de entrar no espaço aéreo russo, alguns voos internacionais seriam prolongados e alguns provavelmente seriam forçados a reabastecer em Anchorage. As viagens que podem ser afetados incluem voos do país para Índia, China, Japão e Coreia.

A United Parcel Service e a FedEx Corp, duas das maiores empresas de logística do mundo, também interromperam as entregas para destinos na Rússia.

Brasil

No Brasil, não há rotas aéreas, diretas ou com escalas, vigentes para a Rússia. A informação é da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Dessa maneira, as três maiores companhias do país – Latam, Gol e Azul – seguem operando normalmente, apesar da guerra no leste europeu.

O setor avalia, contudo, que variações nos preços dos combustíveis, do dólar e de commodities podem dificultar ainda mais a recuperação do mercado aéreo, ainda bastante calejado da crise econômica causada pela Covid-19.

Em nota enviada ao Metrópoles, a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) confirmou que suas associadas não operam voos que tenham como destino final a região do conflito, incluindo a Ucrânia, e assegurou acompanhar “com atenção os impactos nas cotações do dólar e do petróleo, que podem aumentar ainda mais os custos do setor aéreo”.

A Abear reiterou a esperança e desejo de que a situação seja resolvida rapidamente por meio da diplomacia.

De acordo com o levantamento mais recente da Anac, a tarifa aérea média doméstica real no terceiro trimestre de 2021 foi de R$ 529,93, o maior valor desde 2013. Trata-se de um aumento de 45,3% em relação ao mesmo período de 2020.

Em artigo publicado no Linkedin, o CEO da Latam Airlines Brasil, Jerome Cadier, apontou a invasão da Ucrânia pelos russos deverá causar uma série de impactos no setor aéreo.

“Temos que monitorar e reagir a três potenciais impactos: 1) no preço do combustível e no câmbio, 2) no mercado de capitais e disponibilidade de crédito e 3) no preço e disponibilidade de commodities relevantes para a indústria (como titânio, por exemplo, necessário para a fabricação de aviões)”, elencou o executivo, ao questionar retoricamente quanto tempo isso vai durar.

“Pelas primeiras reações, o impacto nos custos das cias aéreas é inegável. Infelizmente na situação que está o setor, estes aumentos vão impactar os preços das passagens. É uma pena, especialmente em um momento no qual o que mais queremos é voltar a voar”, prosseguiu Cadier.

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