Entenda as principais diferenças entre propostas de Kamala e Trump
Os candidatos à presidência dos Estados Unidos, Kamala Harris e Donald Trump, possuem visões bem diferentes sobre temas relevantes
atualizado
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Em uma eleição polarizada, os Estados Unidos presenciam um fenômeno distinto de outros pleitos. As pautas chamadas ideológicas ganham maior destaque nas campanhas e estão norteando a escolha dos candidatos. Entenda como Kamala Harris e Donald Trump se posicionam em temas como imigração, mudanças climáticas, políticas internacionais e direitos da comunidade LGBTQIA+.
Historicamente, o Partido Democrata se posiciona de forma mais progressista diante de todas essas pautas, enquanto os republicanos adotam posicionamentos mais conservadores.
Questão da imigração
O ex-presidente Donald Trump ficou conhecido internacionalmente por sua posição anti-imigração, sendo ele quem propôs a construção de um muro na fronteira México-EUA para impedir a travessia. Ao longo de sua administração, a população de imigrantes ilegais no país foi duramente perseguida.
Na campanha atual, Trump e seu vice J.D. Vance mantêm discurso agressivo contra a imigração. Durante a live realizada no X com Elon Musk, o ex-presidente afirmou que os imigrantes são “pessoas rudes” que buscam a vida nos Estados Unidos pela fronteira México-EUA. Acrescentou que “eles estão na prisão por assassinato e todo tipo de coisa, e estão soltando-os em nosso país”.
A chapa Trump-Vance já defendeu publicamente que, se ganhar, uma das políticas implementadas será a de deportação em massa que começaria com batidas não apenas em casas e locais de trabalho, mas também onde os agentes de imigração foram proibidos de entrar: as chamadas “zonas sensíveis”, como escolas, hospitais, igrejas e tribunais.
Trump chegou a chamar Kamala de “czar da fronteira fracassada” como forma de criticar as ações da vice-presidente. Kamala ficou responsável por lidar com a questão da imigração do país na administração Biden.
Já Kamala Harris, apesar de ter alterado seu discurso ao longo dos anos, defende que os imigrantes devem ter uma boa recepção no país desde que entrem de forma legal. Por isso, propôs diversas medidas para que esse ingresso fosse feito de forma correta.
Kamala tem buscado abordar a segurança da fronteira por meio de um caminho mais humano.
“Eu era procuradora-geral de um estado fronteiriço. Eu fui atrás das gangues transnacionais, dos cartéis de drogas e dos traficantes de pessoas. Eu os processei caso após caso e ganhei, então eu sei do que estou falando”, relembrou Kamala.
Mudanças climáticas
A vice-presidente tem um forte histórico de defesa ambiental, focada nas mudanças climáticas. Como promotora, Kamala criou uma das primeiras unidades de justiça ambiental do país, encarregada de perseguir poluidores em bairros pobres.
“Ela tem falado sobre a necessidade de confrontar a crise climática, responsabilizar as grandes petrolíferas e promover seu histórico como procuradora geral. Ela tem uma oportunidade real de apresentar um plano ousado que atenderá à escala da crise e energizará os eleitores jovens”, diz um assessor de campanha.
Kamala Harris aproveitará o histórico do governo Biden, que inclui o Inflation Reduction Act, a histórica lei climática que Biden assinou em 2022, que fornece centenas de bilhões de dólares em financiamento e incentivos fiscais para ajudar empresas e comunidades na transição para energia renovável e outras tecnologias que podem reduzir a poluição por combustíveis fósseis.
Já Donald Trump adota uma postura negacionista diante das mudanças climáticas, evitando falar no assunto sempre que possível. Em live com Musk, Trump afirmou que esse não era um tema de relevância.
“A maior ameaça não é o aquecimento global, onde o oceano vai subir um oitavo de polegada nos próximos 400 anos. Você terá mais propriedades de frente para o oceano, certo? A maior ameaça não é essa. A maior ameaça é o aquecimento nuclear, porque temos cinco países agora que têm poder nuclear significativo, e não podemos permitir que nada aconteça com pessoas estúpidas como Biden”, afirmou Trump.
Rússia X Ucrânia
O ex-presidente sempre se posicionou ao lado do presidente russo Vladmir Putin, adotando, muitas vezes, uma postura que gera desconforto entre os países que apoiam a resistência ucraniana à invasão da Rússia. Há muitos temores entre os apoiadores europeus da Ucrânia de que uma presidência de Trump enfraqueceria o apoio ao país e encorajaria a Rússia a agir de forma desenfreada.
Trump chegou a afirmar que encorajaria a Rússia a invadir os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a aliança de segurança entre nações europeias e norte-americanas, que não pagassem os 2% do seu produto interno bruto que deveriam pagar.
Enquanto Kamala Harris segue o mesmo posicionamento da administração Biden, ou seja, pró-Ucrânia. A vice deu a Biden seu total apoio ao envio de equipamentos militares para a Ucrânia para apoiar a resistência contra a invasão da Rússia em 2022.
“Precisamos aprovar financiamento para a Ucrânia, financiamento para Israel”, disse ela. “O que precisamos fazer em relação a todas essas questões é extremamente importante”, disse Kamala.
Kamala Harris prometeu que, se eleita, os EUA seguirão cumprindo suas obrigações de apoiar a Otan, a aliança de segurança entre nações europeias e norte-americanas. E tem sido crítica às ameaças de Trump de se retirar da aliança caso os países não contribuam com ao menos 2% de seu produto interno bruto (PIB, a atividade econômica em um país) para a Otan.
Israel X Hamas
Essa é uma das únicas pautas em que os dois candidatos compartilham o posicionamento. Historicamente, os Estados Unidos adotam uma postura pró-Israel. Inclusive, quando Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, visitou os EUA, no dia 22 de julho, ele realizou reuniões com Kamala Harris, Donald Trump e Joe Biden.
No dia 7 de outubro de 2023, a vice-presidente ofereceu apoio a Israel após os ataques, firmando que o país tem o direito de se defender do Hamas.
“Não criaremos qualquer condição para o apoio que estamos dando para que Israel se defenda”, disse Kamala.
Mesmo se posicionando ao lado do país, Kamala tem assumido uma postura mais crítica a Israel do que Biden, ao dizer que “muitos palestinos inocentes foram mortos. Israel deve fazer mais para proteger civis inocentes”, após ação militar israelense contra o Hamas em Gaza.
Trump sempre demonstrou forte apoio a Israel durante sua presidência. Em visita ao país, durante sua administração, anunciou o apoio dos EUA para que Jerusalém se tornasse a capital de Israel.
Direitos da comunidade LGBTQIA+
O ex-presidente Donald Trump adota um discurso agressivo contra a comunidade LGBTQIA+. Em março, ele disse que cortaria o financiamento para escolas que promovessem “insanidade transgênero” e “qualquer outro conteúdo racial, sexual ou político inapropriado sobre nossas crianças”.
Trump também se manifestou contra cuidados de afirmação de gênero para menores, chamando-os de “abuso infantil” e falou que os profissionais de saúde que fornecem tratamentos, como bloqueadores da puberdade, não terão permissão para trabalhar no programa Medicare.
O companheiro de chapa de Trump, JD Vance, também se opôs à igualdade no casamento e votou anteriormente contra o direito à fertilização in vitro, um procedimento médico frequentemente usado por casais do mesmo sexo que desejam se tornar pais.
Kamala Harris, por sua vez, é considerada a “queridinha” da comunidade, pois possui um amplo histórico de luta conjunta. Seu apoio aos direitos LGBTQIA+ tem pelo menos 20 anos, quando ela foi promotora distrital de São Francisco, entre 2004 e 2011.
No cargo, ela oficializou alguns dos primeiros casamentos entre pessoas do mesmo sexo no país.
Como vice-presidente, ela se manifestou repetidamente contra a legislação anti-LGBTQIA+ nos EUA, como proibições de cuidados de afirmação de gênero para jovens e leis “não diga gay”, que proíbem discussões sobre sexualidade ou identidade de gênero nas escolas.