Entenda as perspectivas para o futuro da guerra entre Ucrânia e Rússia
Com acirramento do conflito entre Israel e Hamas, guerra na Ucrânia perde protagonismo, enquanto país teme ofensiva russa e perda de apoio
atualizado
Compartilhar notícia
O conflito entre Israel e o grupo extremista Hamas tem tomado a atenção da imprensa e de órgãos internacionais desde o início de outubro. Em meio ao embate no Oriente Médio, a guerra entre Ucrânia e Rússia, que já se estende por 20 meses, acabou ficando em segundo plano.
Com a chegada do inverno na Europa, Kiev e seus aliados temem que as tropas de Vladimir Putin voltem a intensificar ataques contra instalações de energia elétrica ucranianas, como ocorreu no ano passado.
Ainda neste mês a Ucrânia sofreu a maior ofensiva desde o início do ano. Na ocasião, a Rússia bombardeou mais 118 localidades em 10 regiões, entre cidades e vilarejos.
O comandante-chefe das Forças Armadas da Ucrânia, Valery Zaluzhny, reconheceu que o conflito está em um impasse e afirmou que não espera grandes avanços na situação do confronto nos próximos meses. “Tal como na Primeira Guerra Mundial, atingimos um nível de tecnologia que nos coloca num impasse”, ponderou, durante entrevista ao jornal The Economist. O general sinaliza que seria necessário um grande salto tecnológico para que o conflito avance. “Provavelmente não haverá um avanço profundo e bonito.”
Do lado russo, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, negou que houvesse um impasse e reforçou que as tropas continuariam avançando sobre os territórios ucranianos. Enquanto as negociações não desemperram, continuam as ofensivas dos dois lados.
Apoio dos EUA
Autoridades avaliam que, caso o apoio de países aliados, sobretudo os Estados Unidos, seja reduzido é possível que a Ucrânia perca a guerra. Em outubro, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, enviou ao Congresso americano um pedido de auxílio no valor de US$ 106 bilhões, sendo US$ 61 bi destinados à Ucrânia. O pacote também seria usado para financiar operações em Israel. O democrata argumentou que o auxílio financeiro a essas nações é uma questão de segurança nacional dos EUA.
“É um investimento inteligente, que vai pagar dividendos para a segurança americana durante gerações”, afirmou Biden. “Ajude-nos a manter as tropas americanas fora de perigo. Ajude-nos a construir um mundo que seja mais seguro, mais pacífico e mais próspero para nossos filhos e netos”, acrescentou.
O secretário de Defesa americano, Lloyd Austin reforçou que, caso o país suspenda o apoio à Ucrânia, o Kremlin “só ficará mais forte e terá sucesso em fazer o que quiser”. O Congresso americano, no entanto, priorizou a votação de um outro pacote de recursos a Israel.
Mike Johnson, presidente do Congresso dos EUA defendeu que embora o país “não possa permitir que Vladimir Putin prevaleça na Ucrânia, devemos apoiar o nosso importante aliado no Oriente Médio, que é Israel”.
Atuação da ONU
Um dos principais mecanismos para a mediação de conflitos entre países, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) ficou em evidência diante da explosão dos confrontos no leste europeu e no Oriente Médio.
O órgão, no entanto, não foi suficiente para barrar o acirramento da guerra entre Rússia e Ucrânia, apesar de a Assembleia Geral ONU ter aprovado, em fevereiro deste ano, uma resolução contra Moscou e Putin. O documento não tomou grandes proporções, já que o Conselho de Segurança é o único dos órgãos da ONU que tem a capacidade de adotar resoluções obrigatórias. Por outro lado, a Assembleia Geral aprova resoluções com caráter apenas recomendatório.
O Conselho de Segurança foi instituído no ato da criação da ONU, em 1946. O órgão é composto por 15 membros das nações unidas. São permanentes apenas China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos — países que figuraram como os grandes vitoriosos da 2ª Guerra Mundial.
Durante discurso no órgão, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, teceu críticas à organização pela incapacidade de mediar o conflito. O líder defendeu que a Rússia deixe de ser membro permanente e, dessa forma, perca o poder de veto. “É impossível interromper a guerra pois todas as ações acabam vetadas pelo agressor”, defendeu.
Os membros permanentes do Conselho de Segurança têm poder de vetar integralmente uma proposta, independentemente do resultado da votação. Recentemente, a mesma dificuldade foi vista para a aprovação de resoluções sobre a guerra entre Israel e Hamas.