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Na ONU, Lula critica guerras, faz alerta climático e rechaça a fome

Em discurso de 19 minutos, Lula inaugurou a Assembleia Geral da ONU lamentando guerras no Oriente Médio e crise climática

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Imagem colorida do presidente Lula em discurso na ONU, em Nova York (EUA) - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida do presidente Lula em discurso na ONU, em Nova York (EUA) - Metrópoles - Foto: Reprodução

Nova York – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa, na manhã desta terça-feira (24/9), da sessão de debates da 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). O chefe do Executivo faz o tradicional discurso brasileiro inaugural dos trabalhos em Nova York, nos Estados Unidos.

Lula começou o discurso de 19 minutos falando sobre os conflitos no Oriente Médio e a crise climática. “Testemunhamos a escalada de disputas geopolíticas e de rivalidades. (O ano de) 2024 registra o triste recorde do maior número de conflitos desde a Segunda Guerra. US$ 2,4 trilhões com armas foram gastos. Esses recursos poderiam ter sido utilizados para combater a fome e enfrentar a mudança do clima”, afirmou o presidente brasileiro.

“O que se vê é uso da força se tornando a regra. Testemunhamos dois conflitos simultâneos com potencial de se tornarem generalizados. Na Ucrânia, não há perspectiva de paz. O Brasil condenou de maneira firme a invasão do território ucraniano. Isso traz à memória a guerra fria. China e Brasil estabelecem um processo de diálogo e o fim das hostilidades”, acrescentou.

Lula demonstrou preocupação com o conflito em Gaza e na Cisjordânia. “São mais de 40 mil vítimas fatais, em sua maioria mulheres e crianças. Direito de defesa se transformou em direito de vingança, que adia cessar-fogo. Este ano, o número dos que necessitam de ajuda humanitária no mundo chegará a 300 milhões de pessoas”, lamentou.

O presidente também citou a crise climática no mundo. “O planeta não espera para cobrar da próxima geração, e está farto de acordos climáticos que não são cumpridos, de negligência do auxílio financeiro aos países pobres que mais necessitam. 2024 caminha pra ser o ano mais quente da história moderna. Secas e inundações na África e na Europa. No Sul do Brasil, a maior enchente. Incêndios florestais se alastraram pelo país. O meu governo não terceiriza responsabilidade nem abdica da sua soberania”, ressaltou.

Segundo Lula, 9% da população mundial está subnutrida. “O problema é especialmente grave na África e na Ásia, mas também persiste na América Latina. Pandemias, conflitos armados, eventos climáticos e subsídios a países ricos ampliam esse flagelo. Mas a fome decorre sobretudo de escolhas políticas. O mundo produz o suficiente, o que falta é acesso aos alimentos. A Aliança Global será um dos principais resultados da presidência brasileira no G20. Todos que quiserem se somar a esse esforço serão bem-vindos”, disse.

Mais uma vez, o presidente brasileiro cobrou reforma no Conselho de Segurança da ONU. “É hora de restituir à organização as prerrogativas que decorrem da sua condição de fórum internacional. Não bastam ajustes pontuais, precisa de ampla reforma. A transformação do Conselho Econômico e Social é o principal fórum para inspirar instituições financeiras. A reforma do Conselho de Segurança, com foco em sua composição, método de trabalho, direito de veto de modo a torná-lo mais efetivo. A exclusão da América Latina é eco inaceitável de dominações passadas”, criticou.

Joe Biden e COP30

A expectativa é que, depois de Lula, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, também discurse. No entanto, este ano, o foco no país norte-americano está reduzido, já que o mandatário não disputa a reeleição.

O Brasil recebe mais prestígio ao acumular a presidência do G20 e a sede da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), que será realizada em Belém (PA).

Desde 1955, o presidente brasileiro de turno é responsável pela primeira fala entre os chefes de Estado no evento, sendo seguido pelo presidente dos Estados Unidos, país onde fica a sede da ONU e anfitrião do encontro.

Veja:

Cessar-fogo imediato em Gaza

Antes de Lula, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, demonstrou preocupação com as guerras em andamento no mundo. “Hoje, um número crescente de governos se sentem no direito de um ‘jail free card’. Podem violar leis internacionais, a convenção de direitos humanos. Podem invadir outro país e ignorar o bem-estar das pessoas e nada vai acontecer. Vemos a impunidade em todo lugar. Civis pagam o preço”, lamentou.

Para Guterres, “Gaza é um pesadelo sem fim”. “Ameaça levar toda a região consigo, vejam o Líbano. Tínhamos de estar alarmados com a escalada, o Líbano está por um fio. O Líbano não pode se tornar outra Gaza. Nada justifica os atos de terror do Hamas em 7 de outubro ou a tomada de reféns. Nada justifica o punimento coletivo do povo palestino”, afirmou.

O secretário-geral da ONU também defendeu cessar-fogo imediato na região. “A matança em Gaza é algo nunca visto por mim em meus anos. A comunidade internacional precisa se mobilizar por um cessar-fogo imediato, incondicional soltura de reféns e começo de uma solução de dois Estados”, destacou.

Colapso climático

Segundo Guterres, o planeta vive “um colapso climático, (com) temperaturas extremas, fogos sem controle, inundações. Não são desastres naturais, mas desastres humanos, impulsionados pelos combustíveis fósseis”.

“Enquanto o problema piora, as soluções melhoram com energia limpa. Não gera só energia, mas trabalhos e saída da pobreza. Mas os países em desenvolvimento não podem ser saqueados em suas jornadas, é preciso de jeitos renováveis”, explicou.

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