Em manifesto de extrema-direita, atirador da Nova Zelândia cita Brasil
No documento, de 74 páginas, o assassino anunciou “ataque contra os invasores” e criticou diversidade racial dos brasileiros
atualizado
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Pouco antes do que foi classificado como o pior atentado a tiros da história da Nova Zelândia, um dos atiradores publicou fotos de munição e um link para o que ele definiu como “manifesto para as suas ações”. Durante a ação, nesta sexta-feira (15/3), 49 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas. As autoridades do país consideram a chacina um ataque terrorista. Até agora, três homens e uma mulher suspeitos foram detidos.
O documento publicado pelo atirador tem 74 páginas e cita como motivação o “genocídio branco”, um termo tipicamente usado por grupos supremacistas para se referir à imigração e ao crescimento de populações minoritárias. O “manifesto” menciona ainda o Brasil, em uma seção intitulada “Diversidade é Fraqueza”.
“O Brasil, com toda a sua diversidade racial, está completamente fraturado como nação, onde as pessoas não se dão umas com as outras e se separam e se segregam sempre que possível”, escreveu o assassino da Nova Zelândia.
Uma postagem anônima no fórum de discussão 8chan – conhecido por sua ampla gama de conteúdos, o que inclui discursos de ódio – anunciou um “ataque contra os invasores” e disponibilizou links para uma transmissão ao vivo no Facebook. Eram imagens do massacre.
O fórum também ofereceu acesso ao manifesto do assassino. Um dos trechos dizia: o ataque na Nova Zelândia mostraria que “nenhum lugar no mundo é seguro, os invasores estão em todos os nossos países, até mesmo nas áreas mais remotas do mundo, e não há mais nenhum lugar seguro e livre da imigração em massa”.
O atirador cita dois jogos de videogame como grandes influenciadores para o assassinato em massa. Segundo ele, “Spyro: Year of the Dragon me ensinou o etno-nacionalismo”. Já Fortnite o teria treinado “para ser um assassino e para fazer [a dança] ‘floss’ aos cadáveres dos meus inimigos”.
Arsenal
O link no Facebook leva a uma página de um usuário chamado brenton.tarrant.9, que postou na quarta-feira, em sua conta no Twitter, imagens de um fuzil e outros equipamentos militares decorados com nomes e mensagens ligadas ao nacionalismo branco. Pelas imagens é possível concluir que se tratam das mesmas armas vistas na transmissão ao vivo do ataque às mesquitas.
Ataques a tiros de grandes proporções são raros na Nova Zelândia, que reforçou suas leis armamentistas para restringir o acesso a fuzis semiautomáticos em 1992 – dois anos depois de um homem com problemas mentais matar 13 pessoas na cidade de Aramoana após discutir com um vizinho.
No entanto, qualquer pessoa com mais de 16 anos pode solicitar uma licença padrão de armas de fogo depois de completar um curso de segurança, o que permite a adolescentes comprar e usar uma arma sem supervisão.