Em discurso, Trump ameaça abandonar acordo nuclear com Irã
Presidente americano acusou o Irã de ser o principal promotor do terrorismo internacional e se referiu a seu governo como uma “ditadura”
atualizado
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Os EUA abandonarão o acordo sobre o programa nuclear iraniano caso não consigam mudanças que tornem permanentes algumas de suas proibições e restrinjam o desenvolvimento de mísseis balísticos intercontinentais pelo país islâmico, disse nesta sexta-feira (13/10), o presidente Donald Trump.
“Se não conseguirmos acordo com o Congresso e nossos aliados, o acordo será rescindido”, afirmou. “Ele pode ser rescindido por mim a qualquer momento.” O líder americano acusou o Irã de ser o principal promotor do terrorismo internacional e se referiu a seu governo como uma “ditadura” e um “regime fanático” que provocou “morte, destruição e caos” ao redor do mundo.
Trump afirmou que Teerã violou elementos do pacto de 2015, o que contraria a conclusão de inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica e de integrantes de seu próprio governo. O presidente usou o suposto desrespeito às obrigações previstas no acordo para justificar sua decisão de não enviar ao Congresso o documento que certifica o cumprimento do pacto pelo Irã. O prazo para realizar a comunicação vence no domingo.Sem isso, os parlamentares terão 60 dias para decidir se restabelecem ou não as sanções contra o Irã. Trump quer um caminho alternativo, pelo qual o Congresso aprova legislação com exigências adicionais relativas a mísseis e ao prazo de validade do acordo. Se violadas, eles levariam ao restabelecimento automático das sanções.
O posicionamento americano enfrenta resistência, em diferentes graus, de todos os outros participantes do acordo: Irã, China, Rússia, Alemanha, França, Inglaterra e União Europeia. Segundo eles, o pacto está funcionando e não há violações que justifiquem o seu abandono. Os europeus sustentam que os EUA devem tratar de outras questões não relativas ao programa nuclear fora do âmbito do acordo, em negociação direta com o Irã. Também afirmam que manterão o pacto, mesmo sem a participação dos EUA.
Na avaliação de Trump, o acordo é um dos piores já negociados por Washington. O presidente afirmou que as sanções foram levantadas no momento em que o regime iraniano estava prestes a entrar em colapso. “Ele deu à ditadura iraniana uma salvação política e econômica”, disse Trump, que começou seu discurso com referências aos principais conflitos entre os dois países desde a Revolução Islâmica de 1979.