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Em Davos, super-ricos pedem para pagar mais impostos: “Ação já”

Grupo de 250 multimilionários entrega carta a líderes mundiais pedindo que sejam cobrados deles mais tributos a fim de combater desigualdade

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Foto colorida do letreiro World Economic Forum em Davos - Metrópoles
1 de 1 Foto colorida do letreiro World Economic Forum em Davos - Metrópoles - Foto: Hannes P Albert/picture alliance via Getty Images

Um grupo de mais de 250 bilionários e milionários divulgou uma carta nesta quarta-feira (17/1) exigindo que a elite política global, reunida nesta semana no Fórum Econômico Mundial de Davos, aumente os impostos sobre suas fortunas a fim de combater as desigualdades e possibilitar melhorias nos serviços públicos em todo o mundo.

“Estamos surpresos que vocês fracassaram em responder a uma simples pergunta que estivemos fazendo durante três anos: quando vocês vão taxar a riqueza extrema? Se os representantes eleitos nas principais economias do mundo não adotarem medidas para lidar com o aumento dramático da desigualdade econômica, as consequências continuarão a ser catastróficas para a sociedade”, destaca a carta aberta aos líderes mundiais.

“Nós somos as pessoas que investem em startups, moldam os mercados de ações, fazem os negócios crescerem e fomentam o crescimento econômico sustentável. Somos os que mais se beneficiam do status quo. Mas a desigualdade atingiu um ponto de inflexão, e os custos dos riscos à nossa estabilidade econômica, social e ecológica são graves, e aumentam a cada dia. Em suma, precisamos de ação já.”

Os signatários da carta são pessoas ricas de 17 países, entre os quais a herdeira do império Disney, Abigail Disney; o ator e roteirista Simon Pegg; Valerie Rockefeller, herdeira da dinastia; Ise Bosch, neta do industrial alemão Robert Bosch; o músico e compositor Brian Eno; e ator da série Succession, Brian Cox.

O único brasileiro na lista é João Paulo Pacifico, fundador do grupo de investimentos Gaia, que, hoje, investe em projetos sociais e colabora com as cooperativas do Movimento dos Sem Terra (MST).

“Queremos ser taxados”

“Nosso pedido é simples. Nós, os muito ricos em nossa sociedade, queremos ser taxados por vocês. Isso não vai alterar fundamentalmente o nosso padrão de vida, tampouco prejudicar nossas crianças ou afetar as economias de nossas nações. Irá transformar a riqueza extrema e improdutiva em investimento em nosso futuro democrático comum”, diz o documento.

O grupo quer entregar a carta intitulada Proud to pay (“Orgulhosos em pagar”) diretamente aos líderes mundiais reunidos em Davos.

Uma pesquisa recente revela que 74% dos super-ricos apoiam pagar mais impostos sobre suas fortunas para ajudar a combater a crise no custo de vida e melhorar os serviços públicos.

O levantamento realizado pela entidade de pesquisas Survation a pedido do grupo Patriotic Millionaires, dos Estados Unidos, entrevistou mais de 2,3 mil pessoas em 20 países que possuem cada um mais e 1 milhão de dólares (R$ 4,94 milhões) em bens de investimentos, excluindo suas próprias casas – o que os coloca entre os 5% mais ricos do mundo.

Segundo a pesquisa, 58% dos ricos apoiam a criação de uma taxa de 2% sobre os que possuem fortunas de 10 milhões de dólares, sendo que 54% acreditam que a riqueza extrema gera ameaças à democracia.

Aumento das desigualdades

Um relatório da organização não governamental (ONG) de combate à pobreza Oxfam apresentado em Davos nesta semana revelou que as fortunas dos cinco homens mais ricos do mundo mais do que dobraram desde 2020, enquanto 5 bilhões de pessoas ficaram mais pobres.

A Oxfam International afirmou que, somadas, as fortunas das cinco pessoas mais ricas do mundo – Elon Musk (Tesla, SpaceX), Bernard Arnault (LVHM), Jeff Bezos (Amazon), Larry Ellison (Oracle) e o megainvestidor Warren Buffet – aumentaram 114%, o que corresponde a 464 bilhões de dólares (R$ 2,26 trilhões), chegando a 869 bilhões de dólares no ano passado.

Em contrapartida, desde 2020, o poder financeiro de quase 4,77 bilhões de pessoas – ou 60% da população mundial – caiu 0,2% em termos reais. Segundo a entidade, seriam precisos 229 anos para erradicar a pobreza a nível global.

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