EUA: debate moderado de vices aborda Irã x Israel, imigração e aborto
Os vice-presidentes da disputa eleitoral dos Estados Unidos se enfrentaram nesta terça-feira (1º/10) no debate do canal CBS
atualizado
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Diferentemente do debate entre Kamala Harris e Donald Trump, a moderação e a discussão de ideias marcaram o primeiro e único debate dos vices Tim Walz e J.D. Vance em meio à corrida pela Casa Branca. O evento desta terça-feira (1º/10) foi promovido pela rede CBS News, em Nova York, Estados Unidos.
Além de temas comuns ao longo da campanha, como imigração, economia e aborto, o destaque foi o recente ataque do Irã a Israel, assunto que abriu o debate.
O democrata Tim Walz fez questão de lembrar, inicialmente, os ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro. Para ele, a capacidade de Israel de se defender é “absolutamente fundamental”, e que a “liderança estável” de Joe Biden também é fundamental.
Já o republicano J.D. Vance criticou a atuação do governo de Joe Biden e Kamala Harris sobre o assunto, e afirmou que se Donald Trump fosse presidente, a guerra não ocorreria.
“Mesmo o governador falando que Donald Trump é um semeador do caos, ele conseguiu controlar a situação do Irã, porque ele entendeu que as pessoas precisam temer os Estados Unidos”, disse Vance.
O candidato complementou afirmando que a decisão de entrar ou não na Guerra é de Israel, e que a função dos EUA “é proteger nosso país”.
Questão ambiental
O segundo tema do debate foi o furacão Helene, já considerado um dos maiores dos EUA, e a crise climática. Vance referiu-se ao furacão como uma “tragédia humana inacreditável e indescritível”.
Sobre as mudanças climáticas, o republicano afirmou que ele e Trump apoiam “ar limpo, água limpa”, que Trump quer que o meio ambiente seja “mais limpo e seguro”.
O vice da chapa republicana disse que a resposta para reduzir as emissões de carbono seria fortalecer a indústria local e produzir o máximo de energia possível nos EUA.
Tim Walz afirmou que Kamala Harris é a candidata que propôs medidas efetivas ao longo de sua trajetória para combater as mudanças climáticas, e lembrou que Donald Trump as chamou de “farsa”.
Walz destacou que o governo Biden-Harris fez “investimentos maciços, o maior da história global” para combater as mudanças climáticas.
O democrata ressaltou que os agricultores de Minnesota, estado onde é governador, “sabem que a mudança climática é real”, tendo visto secas e inundações.
Imigração
O terceiro tema do debate foi a questão migratória nos Estados Unidos. J.D. Vance culpou a candidata democrata Kamala Harris pela “crise histórica de imigração” e afirmou que as políticas de fronteira de Donald Trump deveriam ser retomadas, que o muro na fronteira com o México deve ser construído.
Ele ainda reforçou que a primeira coisa que a chapa republicana irá fazer, se eleita, é a deportação de imigrantes criminosos e tornar mais difícil a entrada ilegal de pessoas nos EUA, para “minar os salários dos trabalhadores americanos”.
Vance afirmou que existe separações infantis em massa dos pais graças à “fronteira aberta” de Kamala Harris. Ele também acusou o governo democrata de ter permitido que os cartéis mexicanos operassem livremente e usassem crianças como mulas de drogas.
Já Tim Walz destacou que Kamala Harris, como procuradora-geral da Califórnia, processou gangues transnacionais por tráfico humano e intervenções de drogas.
Walz ainda acusou Vance de tentar “desumanizar e vilanizar outros seres humanos” ao reforçar as alegações falsas sobre imigrantes comendo animais de estimação em Springfield, declaração feita por Trump em debate contra Kamala.
Vance respondeu que as pessoas com as quais ele está mais preocupado em Springfield “são os cidadãos americanos cujas vidas foram destruídas pela fronteira aberta de Kamala Harris”.
Questão econômica
Tim Walz foi questionado sobre como o governo democrata pagaria pelo plano econômico de Kamala Harris. Para ele, os mais ricos terão que “pagar sua parte justa, pois quando você faz isso, nosso sistema funciona melhor”.
Em referência a Trump, Walz diz ter benefícios fiscais para os ricos, e que aumentar tarifas levaria a uma maior inflação.
Como resposta, J.D. Vance afirmou que o plano econômico de Donald Trump “não é apenas um plano”. “Quando as pessoas dizem que o plano econômico de Donald Trump não faz sentido, eu digo para olhar para o que ele entregou”.
Walz rebateu ao afirmar que Kamala herdou o fracasso de Trump durante a pandêmia de Covid, o que levou “ao colapso da nossa economia”.
O democrata ainda ressaltou que Trump “não pagou nenhum imposto federal nos últimos 15 anos”. “Isso é o que há de errado com o sistema. Estamos apenas pedindo justiça”, complementou.
Aborto
Tema de constante embate entre democratas e republicanos, o direito reprodutivo das mulheres nos Estados Unidos também se fez presente no debate desta terça.
Tim Walz culpou Donald Trump por reverter a resolução Roe vs Wade, que garantia o direito ao aborto a todas as mulheres dos EUA até a 24ª semana de gravidez, e de ter “anulado 52 anos de autonomia pessoal”.
O democrata lembrou que em seu estado, Minnesota, foi restaurada a resolução. “Nós nos certificamos de colocar as mulheres no comando de seus cuidados de saúde”, destacou.
Ele disse que o Projeto 2025, um conjunto de propostas republicanas, irá dificultar a obtenção de contracepção e limitar o acesso ao tratamento de infertilidade. “Este é um direito humano básico”, considerou.
J.D. Vance negou que o governo Trump criaria uma agência federal de monitoramento da gravidez e afirmou que muitos americanos não concordam com o que ele disse sobre os direitos reprodutivos das mulheres, mas que é um “republicano que orgulhosamente quer proteger a vida inocente”.
Moradia
Walz destacou que as políticas de habitação de Harris não aumentarão os preços e que dar às pessoas moradias estáveis criará mais estabilidade no mercado de trabalho.
J.D. Vance culpou Kamala Harris por “deixar milhões” de pessoas no país sem moradia e aumentar o custo dos imóveis.
Como alternativa para diminuir os preços, o republicano afirmou que a solução seria reduzir os preços da energia. “Se abrirmos a energia americana, você terá alívio imediato de liberação de preços para os cidadãos americanos”, afirmou Vance.
Novamente, o republicano culpou os imigrante pelos problemas econômicos do país. “Temos muitos americanos que precisam de casas. Deveríamos estar expulsando imigrantes ilegais que estão competindo por essas casas, e deveríamos estar construindo mais casas para os cidadãos americanos que merecem estar aqui”.
Saúde
O candidato a vice-presidente pelo Partido Republicano disse que Donald Trump salvou o Obamacare quando poderia ter destruído a Lei de Cuidados Acessíveis, só que ao invés disso, ele “trabalhou de uma maneira bipartidária para garantir que os americanos tivessem acesso a cuidados acessíveis”.
O governador de Minnesota, Tim Walz, ressaltou que o governo Biden-Harris fez com que mais pessoas nos EUA tivessem acesso à Lei de Cuidados Acessíveis, destacando que Kamala irá “protegê-la e melhorá-la”.
O democrata também lembrou que Minnesota aprovou uma licença familiar remunerada que permite que os pais fiquem em casa por um certo período de tempo. “O que sabemos é que isso faz uma criança começar melhor. A família funciona melhor”, afirmou Walz.
Democracia
Os candidatos foram perguntados sobre a possibilidade de Donald Trump voltar a questionar o resultado das eleições.
Como resposta, o companheiro de chapa de Trump afirmou o ex-presidente disse que havia “problemas” em 2020, e que ele acredita que é necessário “lutar sobre essas questões pacificamente em praça pública”.
Vance ressaltou que a verdadeira ameaça à democracia é “a ameaça de censura”, incluindo “grandes empresas de tecnologia silenciando seus concidadãos”, acusando Kamala Harris de estar envolvida em censura “em escala industrial”.
Walz disse que a recusa de Donald Trump em reconhecer os resultados das eleições de 2020 é um comportamento infantil, e que como treinador de futebol, ele trabalhou com crianças por tempo suficiente para saber que “às vezes, você realmente quer vencer, mas tem que aprender a perder”.
O democrata destacou que está mais preocupado com a ideia de Trump prender os oponentes políticos do que o republicano “lançar as bases” por não aceitar os resultados das eleições deste ano.
Nas considerações finais, Walz afirmou que “o apoio à democracia é importante”, e que apesar dele e seu oponente não concordarem em tudo, são pessoas realmente otimistas, “que acreditam em um futuro positivo para o país”.
Vance concluiu que os cidadãos do país não vão viver o sonho americano “se fizermos a mesma coisa que temos feito nos últimos três anos e meio. Precisamos de mudança”.