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Ex-alunos querem doar dinheiro para ajudar UnB a sair do vermelho

Associação diz que já tem R$ 100 mil para doar este ano. Ação, entretanto, não é regulamentada no Brasil. Interessado na proposta, reitor diz que medida pode salvar a instituição, principalmente em função dos cortes no orçamento do governo federal

atualizado

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1 de 1 unb - Foto: Rafaela Felicciano/ Metrópoles

A verba anual de R$ 1,5 bilhão que o Ministério da Educação (MEC) repassa para a Universidade de Brasília (UnB) não é suficiente para suprir a demanda da instituição, que tem uma estrutura gigantesca, com campi em Planaltina, Ceilândia e Gama, além da unidade principal na Asa Norte e dos núcleos de extensão em São Sebastião e em Brazlândia. Este ano, a situação ficou ainda pior, com os cortes anunciados pelo governo federal. Para ajudar a instituição a sair do vermelho, um grupo de ex-alunos acredita que está na hora de colocar a mão no próprio bolso. A ideia é fazer doações diretas à UnB, como já ocorre em outros países. Entretanto, ainda é preciso regulamentar normas que possibilitem que isso seja feito de forma legal no Brasil.

Segundo a Associação de Ex-Alunos da Faculdade de Direito da UnB (Alumni Direito), a possibilidade de a população investir diretamente seria uma forma de os profissionais retribuírem pelo tempo que estudaram gratuitamente no local e ajudar no desenvolvimento da instituição. “As doações feitas a universidades públicas por pessoas físicas e jurídicas consiste em uma prática bastante comum fora do Brasil e costuma trazer muitos benefícios à educação”, afirma Ronald Siqueira Barbosa Filho, presidente da Alumni Direito. Ele espera arrecadar R$ 100 mil até o fim de 2016.

Entre os ex-alunos que apoiam essa medida estão a ministra do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Maria Cristina Peduzzi, e o ex-presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil Reginaldo Oscar de Castro.

Boa ideia
O assunto já está sendo tratado com bastante carinho e atenção pela Reitoria da UnB, que sinalizou apoio à medida. “Já acionamos o Conselho de Administração da universidade e pedimos a um parecerista que avalie como essas doações podem ser feitas de forma legal e eficiente”, conta o reitor, Ivan Camargo, acrescentando que a variedade de recursos permite maiores investimentos e autonomia da instituição.

Algumas pessoas ainda acreditam que a única fonte orçamentária deve ser o governo. Mas vejo essa novidade como um reforço muito positivo. Temos exemplos internacionais e mesmo nacionais que contam com esse tipo de contribuição e tiveram muito êxito

Ivan Camargo, reitor da UnB

Ainda de acordo com Ivan Camargo, a ajuda viria em boa hora, uma vez que a instituição vive período de contingenciamento, e os repasses para investimentos devem ser reduzidos em 60%. “Os recursos repassados pelo governo federal vão diretamente para salários, aposentadorias e pensões. O restante tem de ser usado para custeios e investimentos. Estamos em um momento difícil”, explica.

Os investimentos são apoiados também pelo Diretório Central de Estudantes (DCE) da UnB. “Em um momento de crise como o que vivenciamos, é importante buscar outras fontes de recurso. E as doações são uma forma de a sociedade civil contribuir com a universidade”, afirma Victor Aguiar, coordenador-geral do DCE.

Hoje, a universidade conta com cerca de 45 mil estudantes e as reclamações de carência de professores e equipamentos são constantes. Nem todos, porém, são favoráveis a essa medida. “Podemos mostrar a nossa gratidão com a universidade de outras formas, que não seja com doações. Se o governo não gastasse mal o seu dinheiro, se não tivesse tanta corrupção, recursos indo pro ralo, pra conta particular em forma de propina, a educação estava em situação bem melhor”, argumenta a estudante Ana Maria Santos, 24 anos.

Regulamentação
Atualmente, o Alumni Direito promove incentivos indiretos à universidade, como cursos preparatórios para a prova da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), programas de primeiro emprego e concursos de monografias. Porém, o investimento direto não é feito devido à falta de regulamentação.

“É uma zona cinzenta. Buscamos normas mais claras para que as doações não resultem em irregularidades ou levantar questionamentos. É uma forma de proteger a universidade e os próprios investidores”, analisa Barbosa Filho. Segundo ele, a normatização possibilitaria, por exemplo, que pessoas e entidades comprassem equipamentos ou mesmo bancassem reformas na UnB.

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