Em um dia, MEC nomeia e exonera apoiador do “Escola sem Partido”
Adolfo Sachsida exerceria o cargo de assessor especial do ministro Mendonça Filho, uma espécie de “braço direito” do chefe da pasta, mas sua nomeação, que saiu no Diário Oficial de segunda-feira (11/7), acabou sendo cancelada nesta terça-feira (12)
atualizado
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Em um só dia o Ministério da Educação nomeou e, horas depois, decidiu exonerar o doutor em economia e pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Adolfo Sachsida. Ele exerceria o cargo de assessor especial do ministro Mendonça Filho, uma espécie de “braço direito” do chefe da pasta, mas sua nomeação, que saiu no Diário Oficial de segunda-feira (11/7), acabou sendo cancelada nesta terça-feira (12).
Sachsida é apoiador do projeto Escola Sem Partido, movimento que diz defender a “neutralidade do ensino” por meio da “doutrinação ideológica” nas escolas, ideia que o próprio ministro já disse ser contra. Em uma das publicações de seu blog, o economista, que se diz conservador, divulga um vídeo em que entrevista o procurador paulista Miguel Nagib, idealizador do texto original do projeto em 2004. Em sua página no Facebook, ele diz ser “pró vida, propriedade privada, conservadorismo moral e liberdade econômica”.
Nas redes sociais, no entanto, apoiadores do economista dizem que o motivo para o recuo do MEC é sua convicção ideológica. “Estamos vivendo um momento em que está havendo um patrulhamento enorme e qualquer pessoa que seja reconhecida como de direita não pode assumir cargos no governo porque a ‘petralhada’ inferniza. Não basta tirar a Dilma, tem que desratizar o Ministério da Educação, da Cultura”, diz a advogada Beatriz Kicis em vídeo no Facebook. A publicação já teve mais de 450 compartilhamentos e 5 mil visualizações.
Em seu currículo, consta que Sachsida possui doutorado em Economia pela Universidade de Brasília e pós-doutorado pela Universidade do Alabama. Sua área de pesquisa é a de “uso de modelos econométricos para a resolução de questões econômicas”.
Blog
Integrante do Foro de Brasília, que defende o impeachment da presidente Dilma Rousseff, Sachsida obteve da Justiça, na semana passada, autorização para que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) divulgue documentos sobre o financiamento do porto de Mariel, em Cuba. A decisão foi comemorada em seu blog. “O interesse nacional não pode se sobrepor aos de países alinhados ideologicamente com quaisquer governos, especialmente quando os mesmos recursos públicos não são aplicados em obras estratégicas para o desenvolvimento e crescimento nacional”, escreveu o economista.
Em outra postagem, Sachsida diz ser “estranha” a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de tornar réu o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) por prática de apologia ao crime e por injúria. Bolsonaro afirmou à deputada Maria do Rosário (PT) que não a que não a estupraria porque ela não merecia. “Pode-se achar a frase acima de mau gosto, pode-se achá-la inconveniente, mas daí a dizer que a mesma se configura em apologia ao crime é de um absurdo incrível. Onde está a apologia ao crime?”, afirmou Sachsida.
A reportagem tentou ouvir o economista por suas redes sociais e por seu telefone registrado no cadastro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), mas ainda não conseguiu contatá-lo.