Aluna do DF diz ter tirado nota 1000 no Enem, mas não consegue vaga
Inep contesta nota de Gabriela Souza, mas garante que caso pode ser investigado pela PF. Estudante foi a uma delegacia nesta quarta (1º/2)
atualizado
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Moradora do Pôr do Sol, em Ceilândia, uma comunidade pobre da capital do país, a estudante Gabriela de Souza Ribeiro, 17 anos, vive um drama. Ela garante ter tirado nota 1000 na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), mas não conseguiu garantir a vaga em uma universidade pública do país. O sonho que acabou em pesadelo também virou caso de polícia.
Nesta quarta-feira (1º/2), a menina foi acompanhada da mãe, a dona de casa Cleonice Pereira, 50, à 23ª Delegacia de Polícia (P Sul) registrar um boletim de ocorrência. Desde o dia 19 de janeiro, ela tenta se inscrever no Sisu e não consegue. Gabriela diz que não sabe o que aconteceu. Apenas que não conseguiu ter acesso ao sistema do Ministério da Educação. A mensagem que aparecia no site era de que a sua senha era inválida.
Apesar dos muitos contatos que fez com o MEC, não conseguiu êxito. “Quero que descubram o que aconteceu. Agora, eu não posso me inscrever em nada, o prazo acabou, a nota é superbaixa”, disse a adolescente, bastante abatida com o que ocorreu. O que mais está perturbando a menina é que o MEC diz que sua nota da redação não é a máxima. De acordo com o ministério, a pontuação seria 460.“Eu só choro, me sinto revoltada, triste. Antes, era um monte de sentimento bom, meu sonho de cursar medicina sendo realizado. Agora, é só raiva, sentimento ruim”, garantiu Gabriela.
Embora o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) conteste a versão da estudante em relação à nota da redação, existe a suspeita de que a adolescente possa ter tido a senha hackeada. Por conta disso, o caso também deve ser investigado pela Polícia Federal.
Em nota, o MEC diz que já identificou no sistema data, hora, local, operadora e IP de onde partiram as mudanças de senha no caso de Gabriela e de mais outra estudante, identificada como Terezinha Gomes Loureiro Gayoso. “Os dados serão encaminhados para a Polícia Federal”, assegura o ministério.
“Eu não acredito nessa história de ter tido a senha hackeada. Para mim, é uma falha no sistema deles, que não conseguem resolver e agora querem passar a culpa para mim”, disse a estudante.
Se depender da mãe, Gabriela não vai desistir de lutar por seus direitos. “Eu vou continuar lutando com ela. Minha filha sempre foi uma boa aluna, estudou muito, a gente sabia que ela tinha se saído bem. Eu vi a nota mil. A gente não inventou isso, não”, garantiu Cleonice, mãe de mais oito filhos e orgulhosa porque Gabriela sempre estudou em escola pública. “E agora, não consegue dar continuidade aos seus planos de se formar médica”, lamenta.