Rússia quer suspender exportação de fertilizantes em reação a sanções
A medida afeta diretamento o Brasil, que depende do insumo para a agricultura, em maior parte, importado do país asiático
atualizado
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O Ministério do Comércio e da Indústria da Rússia recomendou, nesta sexta-feira (4/3), que os produtores de fertilizantes do país suspendam temporariamente as exportações do produto. Seria uma forma de reagir às sanções impostas pelos Estados Unidos e por países da Europa devido a invasão da Ucrânia, deflagrada no última dia 24 de fevereiro.
A recomendação atinge vários países e tem impacto forte no Brasil, que importa 85% dos fertilizantes que utiliza, e a Rússia responde por 23% dessas importações. O comunicado com as recomedações foi divulgado pela pasta.
“O ministério teve que recomendar aos produtores russos que suspendam temporariamente os embarques de exportação de fertilizantes russos até que as transportadoras retomem o trabalho rítmico e forneçam garantias de que as exportações de fertilizantes russos serão totalmente concluídas”, informou o ministério.
Plano do governo
A Rússia produz mais de 50 milhões de toneladas por ano de fertilizantes, 13% do total global e exporta o produto para países da Ásia e para o Brasil. O país é grande produtor do insumo contendo potássio, fosfato e nitrogênio, fundamentais para a agricultura. Phosagro, Uralchem, Uralkali, Acron e Eurochem são os maiores empresas e exportam para a Ásia e para o Brasil.
Na quinta-feira, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, havia descartado a possibilidade da importação de fertilizantes da Rússia durante a guerra na Ucrânia, devido ao alto preço do produto. Ela reconheceu o impacto dessa medida na agricultura brasileira e previu mais alta no preço dos alimentos.
“Temos suspensão desse comércio porque não temos como pagar esses produtos, nem navios para carregar. Enquanto houver guerra, é totalmente descartada a possibilidade de receber fertilizantes”, disse Tereza Cristina, ao participar de uma transmissão ao vivo, ao lado do presidente Jair Bolsonaro (PL). Alem disso, a ministra informou que o Irã vai substituir o abastecimento de uréia que viria da Rússia.
Diante dessa situação, o presidente anunciou que lançará, ainda neste mês, um programa nacional para estimular a produção brasileira de fertilizantes.