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Parlamento rejeita apelo de May para adiar novamente o Brexit

Nesta quarta, a primeira-ministra conversou com o líder da oposição, Jeremy Corbyn, para negociar um apoio do Partido Trabalhista ao texto

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Theresa May
1 de 1 Theresa May - Foto: Reprodução/Policy Exchange

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, descartou nesta quarta-feira (3/4) oferecer ao Reino Unido uma nova extensão curta do Brexit, num golpe para a primeira-ministra britânica, Theresa May, que tenta destravar um impasse com o Parlamento do país.

Seguindo o que foi definido pela União Europeia (UE), Londres tem até 12 de abril para informar Bruxelas sobre o que pretende fazer em relação ao divórcio. Em discurso no Parlamento Europeu, Juncker afirmou que os legisladores britânicos precisam aprovar o acordo de saída, costurado entre May e o bloco, até essa data, senão avançarão para o caminho mais provável, que é deixar a UE sem acordo.

A resposta do líder europeu veio menos de 24 horas depois de a premiê ter anunciado que pedirá outra extensão curta do Brexit a líderes da UE em uma cúpula em Bruxelas em 10 de abril. Ela precisa ganhar tempo para negociar com os parlamentares, que já rejeitaram o acordo três vezes. Juncker insistiu que 12 de abril é o “prazo final” para a aprovação do pacto de May. “Se isso não for feito até lá, uma nova extensão curta não será possível”, afirmou.

“Após 12 de abril, corremos o risco de comprometer as eleições para o Parlamento Europeu e, assim, ameaçar o funcionamento da União Europeia.” Por outro lado, se o acordo for aprovado até a semana que vem, ele disse que o bloco europeu “estará preparado para aceitar uma prorrogação [da saída] até 22 de maio”. Juncker, contudo, disse acreditar que uma saída sem acordo em 12 de abril é um cenário muito provável, uma vez que os legisladores britânicos parecem relutantes em entrar em um consenso acerca do acordo negociado por meses pela primeira-ministra.

“Esse não é o resultado que eu quero”, disse o presidente da Comissão Europeia. “Eu, pessoalmente, farei de tudo para evitar um Brexit desordenado e espero que os líderes políticos dos 27 países da UE e do Reino Unido façam o mesmo.” Ele destacou, porém, que a União Europeia está preparada para lidar com uma possível saída britânica sem um pacto de futuros laços com o bloco. “Estamos nos preparando para isso desde dezembro de 2017”, afirmou.

Oposição
Diálogos com a oposição May tenta a todo custo fazer passar seu acordo no Parlamento e, com isso, evitar um divórcio caótico. Nesta quarta-feira, ela sentou com o líder da oposição para negociar um apoio do Partido Trabalhista ao texto. Segundo um porta-voz do governo em Londres, as conversas com o líder trabalhista, Jeremy Corbyn, foram “construtivas, com ambos os lados mostrando flexibilidade e um compromisso de trazer a atual incerteza do Brexit ao fim”.

O porta-voz afirmou que May e Corbyn concordaram com um “programa de trabalho” para tentar encontrar um caminho a seguir que convença os parlamentares britânicos em uma próxima votação. Após a reunião, o líder do Partido Trabalhista, por sua vez, disse que não houve “tantas mudanças quanto ele esperava” na posição da primeira-ministra e descreveu o encontro como “útil, mas inconclusivo”. As conversações continuarão, afirmou.

A abertura de portas de May para negociações com a oposição provocou a ira de políticos conservadores eurocéticos, como o ex-ministro Boris Johnson, e levou à renúncia de membros do alto escalão do governo nesta quarta-feira. O conservador Nigel Adams, ministro britânico para o País de Gales, anunciou sua demissão acusando a primeira-ministra de tentar “negociar um acordo com um marxista”, referindo-se ao trabalhista Corbyn. Chris Heaton-Harris, ministro para o Brexit, também renunciou. Ele disse discordar com a estratégia de May de pleitear junto à UE uma nova extensão do divórcio.

“Eu realmente acredito que deveríamos ter honrado o resultado do referendo de 2016” e deixado o bloco em março. A saída britânica da União Europeia estava prevista para 29 de março, mas, após apelos da premiê e diante do impasse entre governo e Parlamento, Bruxelas concordou em estender as negociações por mais algumas semanas.

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