A Organização Mundial do Comércio (OMC) reduziu de 4,1% para 2,8% a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial para 2022. A tendência consta em relatório WTO Trade Forecast, divulgado nesta terça-feira (12/4).
Segundo dados do relatório, a OMC projetou que as economias dos países devem acelerar 3,2% – mas só em 2023.
De acordo com o órgão mundial, o PIB da América do Sul deve crescer 1,9% em neste ano e 2,7% no próximo. A Europa deve avançar 2,3% em 2022 e 2,5% em 2023.
Estes avanços pequenos são atribuídos, em grande parte, à guerra entre Rússia e Ucrânia. A entidade financeira já havia previsto que o conflito no Leste Europeu deve reduzir pela metade o crescimento do comércio global. A taxa ficará entre 2,4% e 3%. A projeção anterior, divulgada em outubro de 2021, era de 4,7%.
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra
Anastasia Vlasova/Getty Images
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
Andre Borges/Esp. Metrópoles
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro
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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta
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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território
AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território
Elena Aleksandrovna Ermakova/ Getty Images
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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado
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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles
Vostok/ Getty Images
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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo
Vinícius Schmidt/Metrópoles
Estimativas são mais incertas
Para 2023, a previsão é de uma expansão de 3,4%. A OMC no entanto, explica que as estimativas são mais incertas do que o normal, em função da natureza “fluida” do conflito.
“A guerra na Ucrânia criou imenso sofrimento humano, mas também prejudicou a economia global em um momento crítico”, afirmou a diretora-geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala.
“Seu impacto será sentido em todo o mundo, particularmente em países de baixa renda, onde os alimentos representam uma grande fração dos gastos das famílias”, acrescentou.
Segundo a OMC, além da guerra na Ucrânia, o avanço da pandemia de coronavírus na China e as consequências da crise sanitária também pesam sobre os fluxos comerciais.
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