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Como as eleições dos EUA podem interferir no mercado brasileiro

Os candidatos Donald Trump (Republicanos) e Joe Biden (Democratas) participam do primeiro debate presidencial nesta quinta-feira (27/6)

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Colagem dos candidatos à presidência dos EUA: Joe Biden (esquerda) e Donald Trump (direita) - Metrópoles
1 de 1 Colagem dos candidatos à presidência dos EUA: Joe Biden (esquerda) e Donald Trump (direita) - Metrópoles - Foto: Arte/Metrópoles

O pontapé que vai decretar o início da corrida eleitoral dos Estados Unidos (EUA) será dado na noite desta quinta-feira (27/6), quando os candidatos Donald Trump (Republicano) e Joe Biden (Democrata) participam do primeiro debate presidencial.

Além de ser o primeiro encontro dos candidatos desde as eleições presidenciais de 2020, o debate será histórico porque é a primeira vez em que um presidente e um ex-presidente dos Estados Unidos vão se enfrentar em uma mesa-redonda.

Em meio à corrida para a Casa Branca, o Brasil vem sofrendo com a alta constante do dólar. Nessa quarta-feira (26/6), a cotação da moeda ficou na casa dos R$ 5,51 — maior nível desde janeiro de 2022. O Metrópoles entrou em contato com especialistas para entender se as eleições na terra do “Tio Sam” podem influenciar no jogo de cadeiras do mercado doméstico brasileiro.

1º debate não deve influenciar economia do Brasil

Para Mauro Rochlin, coordenador do MBA de gestão estratégica e econômica de negócios da Fundação Getulio Vargas (FGV), nesse primeiro momento as eleições nos EUA não devem influenciar “muito” a economia brasileira.

Ele destaca que, atualmente, o mercado nacional está dominado por temas muito mais relativos à pauta interna do que à pauta externa. “Então, a gente não pode deixar de estar atento ao que está acontecendo com a economia americana e, em particular, com a taxa de dinheiro americana”, afirma.

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Rochlin analisa que, desde a penúltima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) — quando houve um “racha” na diretoria do Banco Central do Brasil (BC) e cinco diretores votaram por uma redução de 0,25 pontos percentuais na taxa de juros básica, a Selic, e outros quatro nomeados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indicaram uma redução de 0,50 pontos percentuais dos juros —, o mercado brasileiro sofre com uma “mudança no humor”.

Essa mudança no humor foi reforçada, ainda segundo Rochlin, mais pela agenda interna do que por questões externas.

“É óbvio que o governo Lula tem mais afinidade, se é que tem alguma, com o governo Biden do que com o eventual governo Trump. Então, eu acho que aos olhos do setor privado, aos olhos dos empresários brasileiros, fica parecendo que o governo Trump poderia ter talvez maior dificuldade em relação com o governo Lula, pela menor afinidade”, explica.

Discursos protecionistas podem “balançar” o mercado brasileiro

O coordenador da FGV expõe que se Joe Biden e Donald Trump entrarem nesse debate com um “discurso muito duro”, no sentido de marcar uma posição “mais protecionista” do governo norte-americano sobre a política comercial “pode ter alguma influência”, não agora, mas nas projeções até o fim das eleições presidenciais.

Bruna Rizzolo, consultora de economia, faz a seguinte análise: uma possível vitória de Trump tenderia a elevar o protecionismo e isolamento dos EUA do restante do mundo, enquanto uma reeleição de Biden não alteraria a política econômica atual.

“O candidato republicano já indicou a vontade de elevar as tarifas de importação para todos os países, e não apenas para a China, como fez em seu primeiro mandato. Um possível aumento das tarifas reduz as exportações brasileiras aos EUA, que são o segundo principal parceiro comercial do Brasil, afetando negativamente o crescimento da economia doméstica”, diz Bruna Rizzolo.

“Vale notar que os EUA é o principal destino de exportações brasileiras de maior valor agregado, de forma que a indústria deve sofrer o maior impacto no caso de elevação da tarifa de importação”, completa a consultora.

No caso de uma reeleição de Biden, a política econômica norte-americana não sofreria mudanças abruptas e poderia seguir a mesma. Segundo Rizzolo, a disputa tarifária deve permanecer apenas com a China, acrescentando que a Casa Branca deve continuar auxiliando financeiramente a Ucrânia e Israel em seus conflitos regionais, elevando os gastos governamentais.

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