China lança pacote para salvar setor imobiliário
Anúncio do governo da China levou à alta de títulos de empresas imobiliárias negociados na Bolsa
atualizado
Compartilhar notícia
O governo da China anunciou um pacote de medidas para tentar evitar o colapso do setor imobiliário do país, duramente atingido pelas restrições impostas durante a pandemia de Covid-19.
O anúncio de Pequim, na sexta-feira (11/11), levou à alta de ações e títulos de empresas imobiliárias chinesas negociados na Bolsa de Valores nesta segunda-feira (14/11).
Em Hong Kong, o índice Hang Seng Mainland Properties fechou o dia com ganhos de 13%. As ações da Country Garden, uma das maiores incorporadoras da China, avançaram mais de 36%. Vários títulos em dólar da companhia subiram quase 50%.
O pacote do governo chinês foi anunciado pela agência que regulamenta o setor bancário no país e pelo Banco Central da China. São 16 diretrizes que têm como objetivo promover o “desenvolvimento estável e saudável” do setor.
Principais medidas
As mudanças anunciadas pela segunda maior economia do mundo incluem a extensão do prazo de fim de ano para os credores limitarem sua proporção de empréstimos ao setor imobiliário; a extensão dos empréstimos fiduciários pendentes; crédito para construtoras endividadas; apoio financeiro para garantir a conclusão e entrega de projetos parados; e renegociação de dívidas dos compradores. As medidas têm potencial de atingir mais de 25% do total de empréstimos bancários da China.
O mercado reagiu com otimismo ao pacote do governo chinês. As mudanças foram interpretadas como o maior movimento de Pequim até aqui para enfrentar a crise de crédito que afeta o setor imobiliário no país.
A derrocada do segmento imobiliário na China levou ao aumento generalizado da inadimplência e à queda das vendas de imóveis. As autoridades do país temem ainda a instabilidade social: nas últimas semanas, centenas de milhares de possíveis proprietários de apartamentos vêm boicotando os pagamentos de hipotecas em quase 100 cidades.
O tamanho da crise
Em 2020, no início da pandemia, Pequim impôs duras restrições ao crédito para as empresas do setor imobiliário. As medidas agravaram problemas de liquidez e fizeram com que muitos grupos deixassem de pagar seus títulos.
Empresas como a Evergrande, a maior do setor na China, não conseguiram concluir seus projetos. Na semana passada, credores da imobiliária chinesa venderam um terreno desocupado da empresa em Hong Kong por quase US$ 637 milhões – para pagar parte da gigantesca dívida da companhia.
O local seria utilizado para a construção de um projeto residencial que incluiria uma mansão para o presidente da incorporadora, Xu Jiayin. Segundo a própria Evergrande, a expectativa é a de que transação resulte em um prejuízo de US$ 770 milhões.