Bolsonaro: poder destruidor do coronavírus é “superdimensionado”
Em viagem aos Estados Unidos, presidente voltou a minimizar gravidade do problema que tem se espalhado pelo mundo: “Há exagero”
atualizado
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Enviado especial a Miami – O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) atribuiu, nesta segunda-feira (09/03), o caos financeiro e cambial enfrentado pelo país neste início de semana a duas causas: a desvalorização do petróleo e a epidemia de coronavírus. A esse último, inclusive, o presidente disse que avalia ser “exagerada” a reação que as pessoas vêm tomando com relação à doença.
Nesta segunda, o principal índice da bolsa de valores, o iBovespa, teve a maior queda desde 1998, baixando 12% e voltando a níveis anteriores à posse do atual presidente. Paralelamente, o dólar fechou em R$ 4,72 – o maior valor da história.
Ainda assim, o presidente disse que “os números” que seu governo estão mostrando revelam uma melhora na situação econômica. Ele não precisou a quais dados se referia, mas, em 2019, o PIB – que é a soma de todas as riquezas que o país produz – avançou apenas 1,1% ante a média de 1,3% do governo anterior, de Michel Temer (MDB).
“Os números vêm demonstrando que o Brasil começou a se arrumar em sua economia. Obviamente os números de hoje [segunda] têm a ver… a queda drástica nas bolsas de valores do mundo todo, tem a ver com o preço do petróleo que despencou, se eu não me engano, 30%”, afirmou.
Uma disputa comercial entre Rússia e Arábia Saudita fez os preços da commodity caírem drasticamente. Como a demanda por óleo reduziu em função das restrições impostas por diversos países à circulação de bens e pessoas, o preço, consequentemente, vinha baixando. A ideia da Arábia, que é a maior produtora do globo, era baixa a produção e manter o preço. A Rússia, que tem reservas gigantescas da mesma forma, discordou e manteve a produção igual. O resultado foi uma depreciação de quase 30% no preço cobrado no mercado internacional.
“Tem a questão do coronavírus também que, no meu entender, está sendo superdimensionado o poder destruidor desse vírus. Então, talvez esteja sendo potencializado até por questões econômicas”, disse, sem precisar quais seriam essas questões.
“Mas acredito que o Brasil não é que vai dar certo. Já deu certo”, concluiu.
Atos do dia 15
No mesmo evento, o presidente mencionou novamente os atos programados para ocorrerem no próximo dia 15 de março. Bolsonaro defendeu as manifestações, dizendo que elas se tratam de um movimento “espontâneo” e que não pregam contra o Parlamento ou Judiciário, mas sim, em favor do povo.
Na sequência, ele deu um ultimato nos presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP), dizendo que “se Congresso abrir mão de R$ 15 bi, pode não ter ato“.
“Acredito que, até o dia 15, se os presidentes da Câmara e do Senado anunciarem algo no tocante a dizer que não aceitam isso e se a proposta chamada PLN4 tiver dúvida no tocante a ficar com eles esse recurso e que venham a destinar esse recurso para onde eles acharem melhor, e não o Executivo, acredito que eles possam botar até um ponto final [nos protestos]”, afirmou o presidente.