Após bonança na pandemia, big techs mergulham na crise
Mês de novembro foi marcado por demissões em massa em gigantes de tecnologia como Google, Meta, Twitter, Apple e Amazon
atualizado
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Novembro de 2022 já está marcado como o mês em que algumas das maiores empresas de tecnologia do mundo mergulharam em uma crise de consequências ainda imprevisíveis. Demissões em massa, cortes de departamentos, redução de custos e fechamento de escritórios dominaram o noticiário envolvendo as big techs, como Google, Meta, Twitter, Apple, Amazon, Microsoft, entre outros gigantes do mercado.
Após uma fase de bonança durante a pandemia de Covid-19, com o crescimento da digitalização e das atividades online, as big techs enfrentam agora uma crise inédita.
No início deste mês, a Meta, de Mark Zuckerberg (foto), controladora do Facebook e do Instagram, demitiu mais de 11 mil funcionários, o que correspondia a 13% de sua força de trabalho – o maior corte de que se tem notícia no setor de tecnologia.
“Assumo responsabilidade por essas decisões e por como chegamos até aqui. Sei o quanto isso é difícil para todos e lamento profundamente por aqueles que estão sendo impactados”, anunciou Zuckerberg em uma carta aos funcionários e colaboradores da Meta.
Entre 2020 e 2022, a empresa contratou mais de 27 mil profissionais, o que fez seu quadro de funcionários saltar para 87 mil em todo o mundo.
Neste ano, a Meta vem enfrentando dificuldades financeiras, em meio à desaceleração global e à queda acentuada na publicidade digital, sua principal fonte de receita. Em outubro, a empresa registrou queda de 50% em seu lucro trimestral. As ações da controladora do Facebook caíram mais de 72% em 2022.
Amazon
Na segunda semana de novembro, foi a vez de a Amazon dar início à demissão de 10 mil funcionários em cargos corporativos e de tecnologia. Foi o maior corte de empregos da história da companhia, que já havia anunciado o congelamento de novas contratações algumas semanas antes.
A maior parte das demissões aconteceu no setor de dispositivos da empresa, que inclui a assistente de voz Alexa. As divisões de varejo e recursos humanos também foram atingidas.
O contingente de demitidos pela Amazon representou 3% do total de funcionários da companhia. Globalmente, o número corresponde a cerca de 1% da força total de trabalho do gigante de tecnologia, que conta com mais de 1,5 milhão de empregados, incluindo colaboradores, em todo o mundo.
A empresa amargou um prejuízo de US$ 3 bilhões entre janeiro e setembro deste ano, o que acabou revertendo o lucro líquido de US$ 19 bilhões obtido no mesmo período de 2021.
Como se não bastassem as más notícias no campo financeiro, a Amazon é alvo de um processo de US$ 1 bilhão no Reino Unido. A empresa é acusada de ter violado as leis de concorrência britânica e europeia.
O Twitter, de Elon Musk, também passa por apuros: a empresa demitiu metade de seus 7,5 mil funcionários – o escritório no Brasil foi afetado. Segundo estimativas do próprio Musk, a companhia vinha perdendo US$ 4 milhões por dia no início de novembro.
Três dias após as demissões, o Twitter entrou em contato com dezenas de funcionários que haviam sido desligados pedindo para que voltassem aos seus cargos. Eles teriam sido dispensados por engano, o que só gerou mais perplexidade no mercado.
Desde que comprou o Twitter, Musk já se desfez de cerca de US$ 20 bilhões em ações da Tesla, fabricante de veículos elétricos da qual o empresário também é dono. Em 2022, os papéis da Tesla caíram 52%. Desde o anúncio da compra do Twitter, o recuo foi de 42%.
Segundo a Bloomberg, Musk viu sua fortuna despencar de US$ 340 bilhões para US$ 170 bilhões entre novembro de 2021 e novembro de 2022. Trata-se de uma perda de nada menos que R$ 900 bilhões em um ano.
Para completar, no início desta semana, o Twitter decidiu fechar as portas de seu escritório em Bruxelas. A informação preocupa autoridades da União Europeia (UE), que temem que a plataforma digital não cumpra as regras determinadas pelo bloco para a moderação de conteúdos potencialmente ofensivos ou que propaguem informações falsas.
Os dois responsáveis pelo comando do departamento de moderação de conteúdos do Twitter, Julia Mozer e Dario La Nasa, deixaram a empresa, segundo o Financial Times.
Entre outras atribuições, cabe ao departamento a aplicação de normas para a publicação de conteúdos, como parte de uma política de combate à desinformação.
Dona do Google, a Alphabet fechou o terceiro trimestre registrando um lucro líquido de US$ 13,9 bilhões. O resultado representa uma perda de receita de 26,5% em relação ao mesmo período do ano passado.
Microsoft
A Microsoft, por sua vez, teve alta na receita de 11% na base de comparação anual (US$ 50,12 bilhões), mas viu o lucro líquido despencar 14%, para US$ 17,5 bilhões. Em outubro, a empresa demitiu mil funcionários.
TikTok
Outro gigante, o TikTok, reduziu suas metas de receita para 2022 em US$ 2 bilhões. A nova projeção foi anunciada pelo executivo-chefe da empresa, Shou Zi Chew.
Inicialmente, as receitas projetadas pelo TikTok para este ano eram de US$ 12 bilhões a US$ 14,5 bilhões, mas a estimativa agora está próxima dos US$ 10 bilhões.
O comando da empresa tem pressionado os funcionários a entregar melhores resultados tanto em publicidade quanto no comércio eletrônico, principais fontes de receitas do TikTok. Também vem sendo estudada uma readequação salarial em vários departamentos.
Apple
Pelo menos por enquanto, a única a registrar bons resultados no terceiro trimestre é a Apple, que bateu recorde de receita, superando os US$ 90 bilhões. Na comparação anual, a alta foi de 8%.
O lucro líquido da Apple no período, de US$ 20,7 bilhões, corresponde a um crescimento de 4% em relação ao terceiro trimestre de 2021.
Apesar do saldo positivo da empresa, o CEO da Apple, Tim Cook, afirmou, em entrevista à CBS no dia 14 de novembro, que a companhia vai desacelerar na política de contratações nos próximos meses. O motivo é a incerteza econômica e o momento difícil por que passa o mercado de tecnologia.
Até o momento, Apple e Google não anunciaram demissões, mas já indicaram que buscarão alcançar “maior eficiência” em seus produtos – o que pode resultar em aumento de preços para o consumidor.