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Drogada, estuprada e gravada pelo marido: “Eu era um saco de lixo”

Francesa foi estuprada por 72 homens em 92 eventos diferentes após ser drogada pelo marido. Homem participava e gravava crimes

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Foto colorida marelo de juíz. Ao fundo, bandeira francesa - Metrópoles
1 de 1 Foto colorida marelo de juíz. Ao fundo, bandeira francesa - Metrópoles - Foto: Getty Images

Gisèle Pélicot, de 72 anos, foi violentada por 72 homens em 92 estupros diferentes, após o marido, Dominique Pélicot a drogar e convidar estranhos para fazer sexo com a esposa inconsciente. O julgamento de Dominique, que cometeu e gravou os crimes por cerca de 10 anos, começou nesta semana, na França. A vítima, que desconhecia os abusos até o início das investigações, em 2020, falou pela primeira vez sobre o caso durante audiência, nesta quinta-feira (5/9).

De acordo com ela, os criminosos a consideravam “uma boneca de pano, como um saco de lixo.” “Quando você vê aquela mulher drogada, maltratada, uma pessoa morta em uma cama – é claro que o corpo não está frio, está quente, mas é como se eu estivesse morta”, afirmou. Para ela, estupro não é uma palavra forte o suficiente para o que sofreu. Gisèle Pélicot diz ter sido torturada. “Fui sacrificada no altar do vício.”

Após descobrir os crimes do marido, ela conta que teve vontade de morrer. Gisèle ainda descreveu que o grito de sua filha, ao saber do ocorrido “ficou gravado na memória”. Ela saiu de casa com duas malas, “tudo o que restou de 50 anos de vida juntos”. Desde então “não tem mais identidade”. A mulher alega não saber se um dia conseguirá se reconstruir.

Prejuízos ginecológicos e psicológicos

Quando questionada pelo juiz se tinha tido problemas ginecológicos, Gisèle Pélicot disse que sim. De acordo com a mulher, exames médicos feitos durante a investigação policial mostraram que ela tinha sido infectada com várias doenças sexualmente transmissíveis.

Ainda no tribunal, Gisèle contou que, sem saber que estava sendo regularmente drogada à noite, começou a ter dificuldades para se  lembrar das coisas e se concentrar, e que temia, até mesmo, pegar o trem para ver seus filhos adultos, com medo de perder sua parada.

Ela afimou que havia perdido peso e, em um certo ponto, teve dificuldade para controlar seu braço.

50 anos de casamento

“Meu mundo desmoronou. Para mim, tudo estava desmoronando. Tudo o que eu havia construído ao longo de 50 anos”, relatou Gisèle Pélicot na audiência.

Ela e Dominique Pélicot se casaram quando tinham 21 anos, tiveram três filhos e sete netos e eram “muito próximos”. “Não éramos ricos, mas éramos felizes. Até nossos amigos diziam que éramos o casal ideal”, contou.

Investigações e julgamento

Para Gisèle, a polícia salvou sua vida quando investigou o computador de seu marido, Dominique Pélicot, em novembro de 2020, quando o homem foi flagrado em um shopping center tentando colocar um celular sob as saias de três mulheres para filmar.

Ao revistar o computador do suspeito, os investigadores descobriram 20 mil  fotos e vídeos da esposa, visivelmente inconsciente, muitas vezes em posição fetal, sendo estuprada por dezenas de estranhos na casa da família.

A polícia também encontrou conversas em que ele convidava os homens para terem relações com sua esposa inconsciente. Também foram encontradas imagens das noras de Dominique e, até mesmo de sua filha, nuas.

Gisèle Pélicot renunciou o direito de anonimato para que o julgamento fosse realizado em público. Ela disse que estava testemunhando “por todas as mulheres” que foram agredidas enquanto estavam drogadas e para garantir que “nenhuma mulher sofra isso”.

Dominique Pélicot, que esmagava comprimidos para dormir e medicamentos ansiolíticos e dava á espoda, se declarou culpado. O julgamento deve durar cerca de quatro meses. O homem e os estupradores podem pegar até 20 anos de prisão se forem condenados por estupro agravado.

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