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Diplomata ucraniano no Brasil: “Cidades inteiras estão sem água e luz”

“A situação continua se deteriorando”, frisou o encarregado de negócio da Ucrânia no Brasil, Anatoliy Tkach, em Brasília

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Anatoliy Tkach, encarregado de negócios da embaixada da Ucrânia em Brasília, concede entrevista
1 de 1 Anatoliy Tkach, encarregado de negócios da embaixada da Ucrânia em Brasília, concede entrevista - Foto: Gustavo Moreno/Metrópoles

O encarregado de negócios da Ucrânia no Brasil, Anatoliy Tkach, alertou que a situação na Ucrânia é cada vez mais ultrajante. Segundo ele, cidades inteiras estão sem água, energia elétrica e aquecimento após bombardeios russos.

Nesta terça-feira (8/3), em declaração na Embaixada da Ucrânia em Brasília, Anatoliy deu detalhes da crise humanitária que afeta o país e pediu mais ajuda.


“São crimes contra a humanidade [para a Rússia]. A situação continua se deteriorando. Toda a cidade de Mariupol e toda a cidade de Kiev não têm abastecimento de água, luz e aquecimento”, afirmou.

Ele completou: “A ajuda humanitária não está chegando a esses locais”, disse, ao citar bombardeios ininterruptos da Rússia.

Anatoliy admitiu que os corredores verdes, que são rotas humanitárias de fuga, não estão funcionando. “Milhares de pessoas se deslocaram internamente. Corredores humanitários em 5, 6 e 7 de março falharam por causa do fogo contínuo da Rússia”, frisou.

Apesar da crise, cidadão ucranianos estão conseguindo fugir. “As pessoas estão evacuando as cidades. Agradecemos toda a ajuda humanitária que os países conseguiram nos prover”, concluiu.

O governo ucraniano continua a denunciar supostos casos de desrespeito aos direitos humanos e crimes de guerra da Rússia. Até mesmo os corredores de fuga não estão sendo respeitados, relatam as autoridades ucranianas.

Na tarde desta terça-feira (8/3), pelo horário de Brasília, a Ucrânia admitiu que a retirada de civis da cidade de Mariupol fracassou novamente. A Rússia havia concordado manter uma zona de fuga na região.

O vice-primeiro-ministro da Ucrânia afirmou que a situação humanitária em Mariupol é “catastrófica”. Ainda de acordo com o governo, pelo menos cinco mil civis conseguiram ser retirados da região de Sumy, onde outro corredor havia sido montado.

O ministro da Saúde ucraniano, Viktor Lyashko, afirmou que ao menos 60 hospitais foram destruídos durantes os bombardeios.

“Terroristas do país agressor colocaram 61 hospitais fora de ação”, disse ele na televisão ucraniana. Na segunda-feira (7/3), o balanço era de 34 hospitais danificados.

Segundo o ministro, autoridades ucranianas estão com dificuldades de socorrer feridos, por não conseguirem entregar suprimentos médicos essenciais às comunidades da linha de frente, devido à falta de corredores humanitários.

Novos bombardeios

Após um breve cessar-fogo, o Ministério de Relações Exteriores da Ucrânia acusou o Exército russo de bombardear corredores verdes, que são rotas humanitárias de fuga, em Mariupol.

Pouco depois do meio-dia desta terça-feira (8/3), pelo horário de Brasília, o governo ucraniano informou que bombas foram jogadas na rota dos ônibus que transportavam refugiados, comida e remédios. Não se sabe se os veículos foram atingidos.

Segundo informações de agências internacionais de notícias, os veículos levariam moradores da cidade para locais seguros.

Antes da denúncia, o governo ucraniano confirmou que civis estão saindo de duas cidades. Eles usam os corredores verdes — rotas humanitárias nas quais a Rússia concordou em interromper os bombardeios.

Nesta terça-feira, em pronunciamento gravado, o presidente ucraniano, Volodymyr Zenlensky, reafirmou que está em Kiev, capital e coração do poder, e passou uma mensagem de esperança.

A saída de civis pelos corredores humanitários começou pelas cidades de Sumy e Irpin. As primeiras fugas ocorreram por volta das 4h30, pelo horário de Brasília.

“Mais de 150 pessoas foram retiradas, e as evacuações continuam acontecendo”, disse Oleksiy Kuleba, governador de Kiev.

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Os corredores são zonas desmilitarizadas, ou seja, não são ocupadas por forças militares e funcionam como uma forma de acesso legal dos civis a áreas fora da guerra
A Organização das Nações Unidas (ONU) considera os corredores humanitários uma das formas possíveis de uma pausa temporária em um conflito armado
Os corredores são necessários quando as cidades estão sitiadas e a população está sem suprimentos básicos de alimentos, eletricidade e água. Para funcionar, todas as partes envolvidas no conflito concordam com a pausa temporária
Na maioria dos casos, os corredores humanitários são negociados pela ONU. Às vezes, eles também são criados por grupos locais
Eles podem ser usados também ​​para contrabandear armas e combustível para cidades sitiadas. Por outro lado, observadores da ONU, ONGs e jornalistas os utilizam para obter acesso a áreas contestadas
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Diante do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, o termo "corredores humanitários" tem sido utilizado no noticiário internacional para se referir à retirada de civis da área de conflito e para o fornecimento de suprimentos para as regiões ucranianas dominadas por tropas russas

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Os corredores são zonas desmilitarizadas, ou seja, não são ocupadas por forças militares e funcionam como uma forma de acesso legal dos civis a áreas fora da guerra

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A Organização das Nações Unidas (ONU) considera os corredores humanitários uma das formas possíveis de uma pausa temporária em um conflito armado

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Os corredores são necessários quando as cidades estão sitiadas e a população está sem suprimentos básicos de alimentos, eletricidade e água. Para funcionar, todas as partes envolvidas no conflito concordam com a pausa temporária

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Na maioria dos casos, os corredores humanitários são negociados pela ONU. Às vezes, eles também são criados por grupos locais

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Eles podem ser usados também ​​para contrabandear armas e combustível para cidades sitiadas. Por outro lado, observadores da ONU, ONGs e jornalistas os utilizam para obter acesso a áreas contestadas

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O acesso aos corredores humanitários é determinado pelas partes em conflito. Geralmente, é limitado a atores neutros, à ONU ou a organizações de ajuda como a Cruz Vermelha

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Eles também determinam o tempo, a área e quais meios de transporte – caminhões, ônibus ou aviões – podem usar o corredor

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Corredores humanitários foram criados desde meados do século 20. Durante o chamado "Kindertransport", de 1938 a 1939, crianças judias foram evacuadas para o Reino Unido de áreas sob controle nazista

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Corredores humanitários também foram criados durante o cerco a Sarajevo, na Bósnia, entre 1992 e 1995, e para a evacuação da cidade de Ghouta, na Síria, em 2018

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Em casos raros, as zonas são organizadas apenas por uma das partes em conflito. Isso aconteceu com o transporte aéreo americano após o bloqueio de Berlim pela União Soviética, de 1948 a 1949

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Segundo o Ministério de Defesa da Rússia, nesta terça-feira foram abertos corredores humanitários para que os moradores de Kiev, Kharkiv, Mariupol, Chernigov e Sumy pudessem sair com segurança das cidades.

Zelensky gravou o pronunciamento nas ruas de Kiev, em frente a barricadas. “A primavera é parecida com a guerra. A primavera é dura, mas vai ficar tudo bem. Vamos vencer”, frisou.

Onda de refugiados

O bombardeio russo começou em 24 de fevereiro. O Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) informou que o número de refugiados da Ucrânia chegou a 2 milhões.

Filippo Grandi, líder do Acnur, visitou países que têm recebido ucranianos, como a Polônia, a Romênia e a Moldávia.

“Em outras regiões do mundo, sim, observamos este cenário, mas na Europa é a primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial”, afirmou.

Neste 13º dia da invasão russa, as Forças Armadas ucranianas declararam, mais cedo, que o inimigo “continua em uma operação ofensiva, mas o ritmo de avanço de suas tropas diminuiu significativamente”.

O aparente recuo russo ocorre no momento em que as potências ocidentais intensificam as sanções econômicas sobre o país de Vladimir Putin e discutem seriamente um boicote ao petróleo russo, numa jogada que envolve a compra do produto na Venezuela pelos Estados Unidos.

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