Desesperados, refugiados mandam filhos sozinhos para a fronteira
Ao ver crianças doentes, Marili decidiu tomar uma atitude drástica. A família aguardava asilo em um campo de refúgio no México
atualizado
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Enquanto esperava a burocracia para receber asilo nos Estados Unidos, no meio do maior campo de refugiados da fronteira do México com o país vizinho, Marili viu os filhos adoecerem. Josue, de 5 anos, e Madeline, de 3, não estavam aguentando o frio. A temperatura chegava a 3ºC e a família tinha apenas uma pequena barraca de náilon com dois cobertores para se proteger. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
A situação, então, fez Marili tomar uma atitude desesperada. Quando percebeu que Josue e Madeline começaram a tossir e os dedos das mãos e dos pés deles ficaram vermelhos, a mãe decidiu enviar os filhos sozinhos até a fronteira. Ela sabia que crianças desacompanhadas eram acolhidas sem ter que enfrentar a burocracia dos Protocolos de Proteção a Migrantes e a espera de meses.
A mulher agasalhou seus filhos com todas as roupas de inverno que lhe foram doadas e rabiscou uma carta para as autoridades de imigração dos EUA em um pedaço de papel rasgado. “Meus filhos estão muito doentes e expostos a muitos riscos no México”, escreveu a mãe. “Não tenho outra maneira de colocá-los em segurança.”
Na sequência, orientou que as crianças procurassem os agentes alfandegários. “Josue me disse: ‘Por favor, deixe-nos ficar'”, disse Marili, chorando com a lembrança. “Mas como mãe, eu sabia que essa era a melhor decisão para eles”, desabafou.
Nas últimas semanas, dezenas de pais viram seus filhos, dormindo ao ar livre sob o frio, ficarem doentes ou abatidos. Muitos decidiram ajudá-los da única maneira que sabiam — enviá-los sozinhos por meio da fronteira.