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Desconfiado de promessa russa, Zelensky mantém “cautela”

“A situação não se tornou mais fácil”, declarou presidente da Ucrânia, após Rússia anunciar que reduziria “drasticamente” ataques a Kiev

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Ukrainian Presidency / Handout/Anadolu Agency via Getty Images
Presidente ucraniano, Volodymir Zelensky, em meio à autoridades do governo e primeiros-ministros tcheco e polonês. Ele olha para o lado e usa traje esportivo em cor militar - Metrópoles
1 de 1 Presidente ucraniano, Volodymir Zelensky, em meio à autoridades do governo e primeiros-ministros tcheco e polonês. Ele olha para o lado e usa traje esportivo em cor militar - Metrópoles - Foto: Ukrainian Presidency / Handout/Anadolu Agency via Getty Images

Mesmo após receber promessa russa de reduzir “drasticamente” ataques a Kiev e Chernihiv, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, alertou que é preciso “cautela” nos próximos dias. O aceno da Rússia foi feito durante negociações diplomáticas que ocorrem nesta terça-feira (29/3) em Istambul, na Turquia.

Em pronunciamento, o líder ucraniano admitiu que a conversa na Turquia foi positiva, mas não apaga o risco de ataques russos.

“A situação não se tornou mais fácil”, declarou. Zelensky garantiu que não diminuirá o efetivo militar na capital, uma vez que ainda há risco significativo de ataques, e que o anúncio russo não significa o fim do conflito.

O presidente ucraniano reclamou de um bombardeio a Mykolaiv que matou 12 pessoas e deixou 33 feridas nesta terça-feira.

“Nenhum alvo militar foi atacado, e os moradores de Mykolaiv não representavam nenhuma ameaça para a Rússia”, criticou Zelensky.

Pessimismo

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, demonstrou pessimismo em relação a um acordo e à promessa de reduzir suas operações militares em parte da Ucrânia.

“Vamos ver se eles seguem o que estão sugerindo. Vamos continuar atentos ao que está acontecendo”, resumiu, em Washington.

Seguindo a mesma linha que os norte-americanos, o porta-voz do primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, afirmou que o presidente russo, Vladimir Putin, deve ser julgado “por suas ações, não por suas palavras”.

“Portanto, não queremos ver nada menos do que uma retirada completa das forças russas do território ucraniano”, frisou.

As negociações

O negociador ucraniano, Mykhailo Podolyak, anunciou que a Ucrânia apresentou proposta para a Rússia de negociar politicamente o território da Crimeia, que foi invadido pelos russos em 2014. Ele condicionou as conversas a um cessar-fogo completo na região.

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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra

Anastasia Vlasova/Getty Images
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito

Agustavop/ Getty Images
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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local

Pawel.gaul/ Getty Images
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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km

Getty Images
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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia

Andre Borges/Esp. Metrópoles
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país

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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro

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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta

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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território

AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território

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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado

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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles

Vostok/ Getty Images
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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo

Vinícius Schmidt/Metrópoles

Com o status neutro, a Ucrânia não pode se unir a alianças militares, como a Otan, nem hospedar bases militares em seu território.

Representantes ucranianos indicaram que houve avanços também para um encontro entre os presidentes Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky.

Menos ataques

O vice-ministro da Defesa russo, Alexander Fomin, garantiu que as tropas do país vão reduzir “radicalmente” os ataques em Kiev, capital ucraniana, e Chernihiv.

“No sentido de fortalecer a confiança mútua e criar condições necessárias para negociações futuras e alcançar o objetivo final de assinar um acordo, tomamos a decisão de reduzir radicalmente e por uma ampla margem as atividades militares nas direções de Kiev e Chernihiv”, destacou após a reuião.

A mudança já havia sido anunciada na última semana, quando a Rússia admitiu que focaria a atividade militar no Leste da Ucrânia, sobretudo na região separatista pró-Rússia de Donbass.

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