Crise humanitária piora e cresce pressão internacional sobre Israel
Representantes dos países do G7 emitiram comunicado em que defendem a adoção de pausas humanitárias no conflito entre Israel e o grupo Hamas
atualizado
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A Faixa de Gaza entra mais um dia sob ofensiva de Israel. Ainda que mire alvos do Hamas, as ações das tropas israelenses têm lançado a população palestina em uma crise humanitária. Diante da falta de horizonte para um fim à guerra, a comunidade internacional pressiona Israel por medidas que aliviem a situação dos palestinos.
Nessa quarta-feira (8/11), os ministros das Relações Exteriores dos países que formam o G7 intercederam por pausas humanitárias no conflito. O objetivo da medida, segundo comunicado, seria possibilitar a entrada de ajuda humanitária no território palestino, a movimentação civil e a libertação de reféns.
O grupo é formado por Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos, além dos representantes da União Europeia. O texto condena os ataques do Hamas em 7 de outubro e destaca o direito de Israel de se defender, mas reivindica a proteção dos civis palestinos.
“Salientamos a necessidade de medidas urgentes para enfrentar a deterioração da crise humanitária em Gaza. Todas as partes devem permitir o apoio humanitário sem entraves aos civis, incluindo alimentos, água, cuidados médicos, combustível e abrigo, além de acesso aos trabalhadores humanitários”, diz o comunicado.
Na segunda-feira (6/11), o governo dos Estados Unidos afirmou que o presidente Joe Biden conversou com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, sobre a implementação de “pausas táticas” no conflito. Os objetivos seriam os mesmos da medida defendida pelo G7.
O governo de Israel, porém, não deu sinais de que arrefeceria a investida contra o território. Nessa terça, o primeiro-ministro destacou que não haverá cessar-fogo até que os 240 reféns mantidos pelo Hamas sejam libertados. Ele ressaltou que a população de Gaza se dirija ao sul, e reafirmou que Israel não interromperá as ações.
Sem sinais de cessar-fogo
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, em entrevista à agência Reuters, afirmou que algo está “claramente errado” nas ações militares de Israel contra o grupo extremista, diante do alto número de civis mortos nas operações.
Até o momento, a guerra resultou em cerca de 11,9 mil mortos, somados ambos os lados. Em Israel, foram 1,4 mil óbitos, enquanto do lado palestino, 10,5 mil mortes. Diante do cerco promovido à região, a população da Faixa de Gaza segue imersa em uma crise humanitária.
A Agência das Nações Unidas de Assistência e Trabalho para Refugiados Palestinos (Unrwa) informou, nessa terça-feira (7/11), que 70% dos palestinos da Faixa de Gaza foram obrigados a deixar suas casas desde a escalada do conflito. O número de pessoas deslocadas gira em torno de 1,5 milhão, e mais da metade estão abrigadas em instalações da Unrwa.
Relatório do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha, sigla em inglês) aponta que 45% das moradias foram destruídas ou parcialmente danificadas na Faixa de Gaza. O levantamento considera informações do governo da região, que é ligado ao Hamas.
O órgão da ONU destaca, ainda, que infraestruturas críticas e serviços essenciais sofreram danos significativos, “afetando a capacidade das pessoas de manterem suas dignidades e seus padrões de vida básicos”.
Brasileiros em Gaza
A passagem de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, tem sido buscada por estrangeiros e palestinos feridos desde 1º de novembro. No entanto, apenas têm autorização para cruzar a fronteira aquelas pessoas cujos nomes constam em uma lista elaborada por autoridades do Egito e de Israel — ela é divulgada a cada dia.
Até o momento, as autoridades liberaram seis listas, com centenas de nomes. Em nenhuma delas, porém, constavam os 34 brasileiros e familiares que seguem à espera de autorização para deixar a região.
Nesta quarta-feira (8/11), porém, a passagem de Rafah, na fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito, foi fechada por motivos de segurança. A informação foi confirmada pelo porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos (EUA), Vedant Patel.