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Conservador, Bento XVI teve trajetória religiosa marcada por polêmicas

Declarações e posicionamentos contrários a mudanças em doutrinas da Igreja Católica marcaram polêmica atuação do papa Bento XVI na função

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Imagem colorida mostra papa emérito Bento XVI, ao lado de seu secretário Georg Ganswein, durante canonização de João Paulo II - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida mostra papa emérito Bento XVI, ao lado de seu secretário Georg Ganswein, durante canonização de João Paulo II - Metrópoles - Foto: Franco Origlia/Getty Images

Conhecido por posicionamentos conservadores adotados durante os quase oito anos em que permaneceu na função, o papa emérito Bento XVI assumiu o cargo mais alto da Igreja Católica em meio a polêmicas. Ele morreu neste sábado (31/12), aos 95 anos, no convento onde morava, no Vaticano.

Ao renunciar, em 2013, Joseph Aloisius Ratzinger afirmou ter idade avançada e não dispor de condições de saúde para assumir o papel. Apesar disso, informações divulgadas por fontes próximas ao papa davam conta de que o anúncio teria decorrido de controvérsias com os pares e  dos escândalos na instituição.

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Enquanto líder máximo da Igreja Católica, ele recebeu críticas por posicionamentos como a rejeição a alterações nas doutrinas morais religiosas — que guiam entendimentos repassados aos fiéis —, à união de pessoas do mesmo sexo e à liberação de padres do celibato.

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O papa emérito renunciou ao cargo em 2013 e foi substituído pelo papa Francisco
Papa Bento XVI
Papa Bento XVI em Guaratinguetá (SP), durante visita de cinco dias ao Brasil
Papa emérito Bento XVI, ao lado do secretário papal Georg Ganswein, durante cerimônia de canonização de João Paulo II
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Bento XVI foi eleito em 2005, para suceder João Paulo II

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O papa emérito renunciou ao cargo em 2013 e foi substituído pelo papa Francisco

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Papa Bento XVI

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Papa Bento XVI em Guaratinguetá (SP), durante visita de cinco dias ao Brasil

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Papa emérito Bento XVI, ao lado do secretário papal Georg Ganswein, durante cerimônia de canonização de João Paulo II

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Papa Francisco cumprimenta o papa emérito Bento XVI, em agosto de 2022

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Papa emérito Bento XVI, em meio a vários cardeais, em 2015

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Outro ponto de destaque do papado de Bento XVI teve relação com denúncias de casos de pedofilia na igreja, que começaram aparecer entre 2009 e 2010. As acusações mencionavam, inclusive, supostos acobertamentos por parte de líderes religiosos das dioceses e do Vaticano.

O papa assumiu a responsabilidade sobre as denúncias, encontrou vítimas e emitiu pedidos de desculpas. Também adotou normas para dar mais transparência e celeridade às apurações dos casos. As acusações se tornaram mais uma mácula do período em que Bento XVI ficou na função.

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Combate à Aids

Na primeira viagem de Bento XVI como papa à África, em 2009, mais uma declaração teve repercussão negativa. Ele afirmou que o combate à Aids no continente não se resolveria com a distribuição de preservativos e que isso “agravaria o problema”. À época, a região era uma das mais afetadas pelo avanço da doença.

O papa, que seguia para uma viagem a Camarões, defendeu que “castidade e abstinência” seriam a melhor maneira de conter o avanço da doença. O líder religioso chegou a acrescentar que uma mudança “espiritual” seria a “única solução”.

Ainda no continente, na Angola, Ratzinger condenou o aborto e criticou o Protocolo de Maputo, documento que define direitos das mulheres. Não seria a primeira vez que Bento XVI se manifestava contrariamente à interrupção da gravidez, inclusive em casos de risco para a vida de gestantes.

O uso do preservativo por pessoas em tratamento para o HIV e entre pessoas sorodiscordantes — quando uma delas tem o vírus, e a outra, não — é “fortemente recomendado”, segundo o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids). Ele também é indicado para evitar o contágio por outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e casos de gravidez indesejada.

Outras religiões

Após uma declaração polêmica, o papa emérito ofendeu a comunidade muçulmana. Em 2006, na Universidade de Ratisbona, na região alemã da Baviera, Bento XVI disse que Maomé teria trazido ao mundo apenas “coisas más e desumanas”.

Além disso, afirmou que o comando do profeta do Islã espalhou pela espada a fé que pregava. As declarações levaram a ataques contra igrejas católicas na Cisjordânia, a cobranças de explicações por parte do governo paquistanês e à aprovação de uma resolução contra o papa pelo Parlamento europeu.

No mesmo ano, judeus também reagiram a falas de Bento XVI a respeito do Holocausto, durante uma visita dele ao antigo campo de concentração de Auschwitz, na Polônia. Na ocasião, o papa responsabilizou “um bando de criminosos” pelas ações durante o regime nazista.

Para líderes de associações judaicas, a fala teria reduzido o papel de aliados e cúmplices do nazismo nas ações de violência contra judeus.

Disputas internas

Em 2013, Bento XVI foi o primeiro a renunciar do cargo em 600 anos. Um ano antes, um mordomo do papa entregou documentos encontrados na casa do pontífice a uma jornalista, com informações sobre casos de corrupção e disputas internas por poder na Igreja Católica.

Dois funcionários do líder religioso acabaram presos e condenado à prisão após o caso, mas receberam perdão papal.

Mesmo recentes, as ações controversas de Bento XVI reverberavam desde o período em que ele assumiu a vaga de prefeito, o cargo máximo, da Congregação para a Doutrina da Fé do Vaticano — a antiga Santa Inquisição —, em 1981.

À frente do cargo, ele atacou ações que tentassem aproximar o Evangelho dos mais pobres, por considerá-las “marxistas”, e elaborou textos que defendiam  a manutenção de medidas consideradas ortodoxas para o mundo contemporâneo.

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