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Conheça a misteriosa onda de mortes de oligarcas russos

Nos últimos três meses, sete milionários da Rússia morreram sob circunstâncias enigmáticas – alguns com suas famílias

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Na frente do Kremlin, sede do governo russo, soldados fazem proteção e barricada contra possíveis manifestações após invasão de tropas russas na Ucrânia - Metrópoles
1 de 1 Na frente do Kremlin, sede do governo russo, soldados fazem proteção e barricada contra possíveis manifestações após invasão de tropas russas na Ucrânia - Metrópoles - Foto: Mikhail Svetlov/Getty Images

Dezenove de abril, Lloret de Mar, Catalunha: a polícia espanhola recebe uma ligação de Fedor Protosenya, filho de um oligarca russo cuja família é dona de uma mansão na cidade. Ele relata que durante horas tentou ligar para sua mãe a partir da França, mas que ela não atendia o telefone. Quando a polícia chega à propriedade, encontra apenas os corpos de seus pais e irmã.

A polícia, inicialmente, presume que o pai de Fedor, o milionário Serguei Protosenya, esfaqueou as duas mulheres até a morte e depois se enforcou no jardim da casa. No entanto, dúvidas sobre o que realmente ocorreu surgem rapidamente.

Um dia antes, em Moscou, a 3 mil quilômetros de distância, a polícia fizera outra descoberta terrível: Vladislav Avayev, também multimilionário, junto com sua esposa e filha de 13 anos estão mortos em seu luxuoso apartamento na capital russa. A agência de notícias estatal russa Tass informou que ele tinha uma pistola na mão. A suspeita das autoridades é que ele primeiro matou sua esposa e filha e depois a si mesmo.

Ambos os incidentes ocorreram dentro de um período de 24 horas, e os supostos cursos dos eventos são surpreendentemente semelhantes. Além disso, Protosenya e Avayev eram ambos oligarcas multimilionários dos mais altos escalões das indústrias russas de petróleo e gás. Protosenya chegou a ser vice-presidente da empresa de gás natural Novatek, enquanto Avayev atuou como vice-presidente do banco Gazprombank.

Suas mortes são as mais recentes de uma misteriosa série de mortes de oligarcas russos – principalmente do setor de energia – ocorridas em 2022. No fim de janeiro, um mês antes de as tropas russas invadirem a Ucrânia, Leonid Schulman, de 60 anos, um gerente de alto nível da empresa Gazprom, teria cometido suicídio.

Então, em 25 de fevereiro, Alexander Tyulyakov, outro ex-gerente da gigante de energia, foi encontrado morto em sua casa em São Petersburgo. Três dias depois, o magnata ucraniano do gás e do petróleo Mikhail Watford também foi encontrado morto na garagem de sua propriedade rural em Surrey, no sul da Inglaterra.

Em 24 de março, o bilionário Vasily Melnikov, chefe da empresa gigante de suprimentos médicos MedStom, foi encontrado morto ao lado de sua esposa, Galina, e de seus dois filhos pequenos em seu apartamento multimilionário na cidade russa de Ninzhni Novgorod. Os detalhes das mortes também têm paralelos com os de Protosenya e Avayev.

E também há o caso de Andrei Krukovsky. O homem de 37 anos era o diretor da estação de esqui Krasnaya Polyana, localizada perto de Sochi. Diz-se que o presidente russo, Vladimir Putin, convidou repetidamente seus amigos para esquiar no local. De acordo com o jornal russo Kommersant, Krukovsky realizava uma caminhada no dia 2 de maio quando caiu de um penhasco.

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Pertencente a uma família de operários, Vladimir cresceu em uma periferia russa, em São Petersburgo, e sonhava ser espião
Formou-se em direito e, em seguida, entrou para o serviço secreto russo, a KGB, em 1975
Tempos depois, iniciou vida política como vice-prefeito de São Petersburgo. Em 1999, tornou-se primeiro-ministro e, no ano seguinte, após a renúncia do então presidente, Boris Yeltsin, foi eleito presidente da Rússia
Pouco depois de assumir a presidência, liderou com êxito tropas russas ao ataque à Chechênia, durante a 2ª Guerra da Chechênia, o que o fez crescer em popularidade
Em 2004, Putin foi reeleito e, em seguida, assinou o protocolo de Kyoto, documento que o tornou responsável por reduzir gases-estufa liberados pela Rússia
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Vladimir Vladimirovitch Putin é o atual presidente da Rússia. No poder há 20 anos, desde a renúncia de Boris Yeltsin, Putin é conhecido por apoiar ditadores e declarar oposição ferrenha aos Estados Unidos

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Pertencente a uma família de operários, Vladimir cresceu em uma periferia russa, em São Petersburgo, e sonhava ser espião

Mikhail Svetlov /Getty Images
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Formou-se em direito e, em seguida, entrou para o serviço secreto russo, a KGB, em 1975

Alexei Nikolsky /Getty Images
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Tempos depois, iniciou vida política como vice-prefeito de São Petersburgo. Em 1999, tornou-se primeiro-ministro e, no ano seguinte, após a renúncia do então presidente, Boris Yeltsin, foi eleito presidente da Rússia

Carl Court /Getty Images
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Pouco depois de assumir a presidência, liderou com êxito tropas russas ao ataque à Chechênia, durante a 2ª Guerra da Chechênia, o que o fez crescer em popularidade

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Em 2004, Putin foi reeleito e, em seguida, assinou o protocolo de Kyoto, documento que o tornou responsável por reduzir gases-estufa liberados pela Rússia

Alexei Nikolsky v
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Seguindo a Constituição russa, que o impedia de exercer mais de dois mandatos consecutivos, o ex-KGB apoiou o seu primeiro-ministro, Dmitri Medvedev, nas eleições que o sucederiam

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Em 2012, no entanto, voltou a ser eleito para novo mandato de seis anos, mesmo com forte oposição

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O líder russo Vladimir Putin diz que não irá recuar e desafia a comunidade internacional

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No ano seguinte, apoiou a guerra que aconteceu na Síria e enviou militares para ajudar o regime do presidente sírio, Bashar Al Assad

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Apesar de toda desaprovação mundial diante de atos de guerra, Putin conseguiu se eleger em 2018 para mais seis anos, com vantagem expressiva em relação aos adversários

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Devido à lei que sancionou em 2021, Putin poderá concorrer nas duas próximas eleições e, se eleito, ficar no poder até 2036

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Recentemente, após exigir que o Ocidente garantisse que a Ucrânia, que faz fronteira com território russo, não se juntaria à Otan, reformou a inimizade entre os países

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O conflito, que acendeu alerta mundial, ganhou novos capítulos após Putin ordenar, no dia 25 de fevereiro de 2022, que tropas invadissem a Ucrânia utilizando armamento militar

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Apesar dos avisos de sanções por parte de outras nações, o presidente russo prosseguiu com a intentada e deu início à guerra

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Ligações com o Kremlin?

As misteriosas mortes de sete russos super-ricos em apenas três meses sob circunstâncias tão terríveis geraram todo tipo de especulação. Vários meios de comunicação supuseram que os suicídios poderiam ter sido forjados. Alguns deles chegaram ao ponto de sugerir que o Kremlin, ou mesmo o próprio Putin, poderiam estar envolvidos de alguma forma.

Nos últimos anos, ocorreram várias tentativas dramáticas de assassinato de críticos do Kremlin. Em agosto de 2020, o líder da oposição Alexei Navalny foi envenenado com o agente nervoso Novichok enquanto estava no aeroporto de Tomsk. Dois anos antes, Serguei Skripal, ex-chefe da agência de inteligência russa GRU, havia sido envenenado de forma semelhante. Tanto Navalny quanto Skripal sobreviveram.

Em 2006, Alexander Litvinenko, um ex-oficial de segurança russo que desertou para o Reino Unido, foi fatalmente envenenado com polônio radioativo em Londres. Em 2017, o jornal americano USA Today publicou os resultados de uma investigação que afirma que pelo menos 38 oligarcas morreram ou desapareceram ao longo de três anos.

Críticas à invasão

O que chama a atenção nos incidentes de 2022 é que nenhum dos oligarcas mortos era conhecido por ter feito comentários públicos críticos sobre a invasão da Ucrânia. Ao mesmo tempo, nenhum deles estava nas listas de sanções internacionais elaboradas após a invasão.

Um texto publicado recentemente nas mídias sociais pelo Warsaw Institut, um think tank polonês especializado em Rússia e política de segurança, afirmou que tanto a polícia russa quanto os serviços de segurança da Gazprom iniciaram rapidamente investigações nos locais das mortes ocorridas na Rússia. “Possivelmente algumas pessoas ligadas ao Kremlin estão agora tentando encobrir vestígios de fraude em empresas estatais”, afirma o instituto.

Não há evidências para apoiar essa teoria ou sobre o envolvimento de terceiros. E assim, no caso de Serguei Protosenya, a polícia espanhola continua a presumir que as mortes foram homicídio seguido de suicídio. No entanto, Fedor Protosenya não acredita que esse tenha sido o caso. “Meu pai não é um assassino”, disse ele a vários meios de comunicação britânicos.

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