Congresso abre processo de impeachment contra presidente do Peru
Com maioria oposicionista, Congresso aceitou processo que pode afastar o esquerdista Pedro Castillo por “incapacidade moral”
atualizado
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O Congresso peruano aprovou, nesta segunda-feira (14/3), a abertura de um processo que pode culminar no impeachment do presidente Pedro Castillo, que tomou posse em julho do ano passado após uma vitória muito apertada contra a adversária Keiko Fujimori.
Trata-se de uma “moção de vacância”, que acusa o presidente esquerdista de “incapacidade moral” para permanecer no cargo. O Peru enfrenta uma longa crise política, e dois presidentes anteriores foram afastados dessa maneira nos últimos anos: Pedro Pablo Kuczynski, em 2018, e Martín Vizcarra, em 2020.
Dominado pela oposição de direita, o Congresso peruano aprovou o início do processo por 76 votos a 41, com uma abstenção. O afastamento definitivo precisa de 87 votos entre os 130 parlamentares.
Castillo, que já havia conseguido evitar a abertura do impeachment há alguns meses, agora acabou vencido pela oposição e deverá comparecer ao Congresso na terça (15/3) para começar a se defender.
Os opositores acusam Castillo de não conseguir governar o país, tendo passado por crises em sua própria base e enfrentado dificuldades para montar e manter uma equipe de ministros. Ele também é investigado por supostamente ter favorecido empresários amigos em contratos com o governo.
Outra acusação que baseia o processo é de “traição à pátria”, por Castillo ter se mostrado favorável a um referendo para ceder parte do território do país à Bolívia, para que o país vizinho reconquiste o acesso ao mar.
Relação com o Brasil
O presidente Jair Bolsonaro (PL) se reuniu com Pedro Castillo no início de fevereiro deste ano, no Palácio Rio Madeira, sede do governo de Rondônia, para tratar de agendas bilaterais. Na época, o presidente do Brasil disse que estava “tudo superado” em relação a comentários anteriores que havia feito sobre o esquerdista.
No ano passado, quando Castillo liderava a contagem de votos nas eleições peruanas, o chefe do Executivo brasileiro lamentou: “Perdemos o Peru”.