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Confrontos na Cisjordânia deixam feridos; Hamas convocou novos ataques

Revolta é a maneira de “enfrentar a política sionista dos EUA”. Ao menos oito palestinos foram feridos durante os protestos

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KHALIL HAMRA/ASSOCIATED PRESS/AE
Hamas convoca levante após Trump reconhecer Jerusalém como capital de Israel
1 de 1 Hamas convoca levante após Trump reconhecer Jerusalém como capital de Israel - Foto: KHALIL HAMRA/ASSOCIATED PRESS/AE

O movimento islamita Hamas convocou nesta quinta-feira (7/12) nova revolta palestina, conhecida como Intifada, depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reconheceu Jerusalém como capital de Israel. Em áreas da Cisjordânia, protestos de palestinos terminaram em confrontos com soldados israelenses.

“Só podemos enfrentar a política sionista apoiada pelos Estados Unidos com uma nova intifada”, declarou o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em discurso na Faixa de Gaza. “Amanhã, sexta-feira, 8 de dezembro, será um dia de ira e o começo de uma nova Intifada chamada ‘a libertação de Jerusalém’.”

Ao menos oito palestinos foram feridos após confrontos com militares de Israel, segundo o jornal Haaretz, que menciona o Crescente Vermelho. Cinco feridos estavam em Al-Birah, cidade perto de Ramallah, outros dois em Qalqilyah e Tul Karm – ambos atingidos por balas de borracha.

O exército israelense reforçou a presença nas áreas da Cisjordânia nesta quinta (7) após os primeiros protestos contra o anúncio de Trump.

Outro palestino foi ferido em Gaza, segundo o jornal, citando o Ministério da Saúde palestino.

Para Haniyeh, “a decisão de Trump marca o final de uma fase política e significa um ponto de inflexão histórica para a causa palestina”. “Afirmamos que Jerusalém está unida, não é oriental nem ocidental, e vai continuar sendo a capital da Palestina, de toda a Palestina”, declarou o dirigente do Hamas, e acrescentou que “Trump se arrependerá da sua decisão”.

Segundo o líder islamita, diante da declaração de Trump, a Autoridade Palestina (AP) “deve sair do túnel de Oslo, que proporcionou à ocupação a legitimidade para existir”.

Haniyeh convocou uma reunião entre todas as partes palestinas para discutir a situação atual e acertar as medidas políticas a serem seguidas diante dos eventos. “Devemos tomar decisões, formular políticas e desenvolver uma estratégia para nos opor ao novo complô em Jerusalém e na Palestina”, declarou o dirigente.

Entenda
O reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel é mais uma promessa de campanha feita por Donald Trump a um dos segmentos mais conservadores de sua base de apoio, os evangélicos brancos, 80% dos quais optaram por sua candidatura na disputa de novembro de 2016. Esse grupo representa um terço dos eleitores republicanos e vê em Israel a realização de profecias bíblicas.

O mais poderoso grupo de lobby nesse terreno é o Cristãos Unidos por Israel, fundado em 2006 pelo pastor John Hagee. “Eu posso assegurar a você que 60 milhões de evangélicos estão olhando para essa promessa de perto, porque se o presidente Trump mudar a embaixada para Jerusalém, ele vai dar um passo histórico para a imortalidade”, disse Hagee na terça (5/12), em entrevista à rede de TV Fox News.

Na quarta (6/12), líderes palestinos disseram que o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel pelos Estados Unidos representa uma declaração de guerra contra muçulmanos, que levará a conflitos intermináveis e destruirá as chances de criação de dois Estados para solucionar o conflito palestino-israelense.

Mudando a política mantida por Washington durante décadas, o presidente Donald Trump anunciou a transferência da embaixada dos EUA de Tel-Aviv para Jerusalém. Segundo ele, isso não significará o abandono da busca de um acordo de paz na região.

Mas, em contraste com posições de governos anteriores, ele não apresentou a criação de dois Estados como o resultado necessário desse processo. “Os EUA apoiarão a solução de dois Estados se ela for acordada por ambos os lados”, declarou Trump em discurso na Casa Branca.

O anúncio foi condenado de maneira unânime por países do Oriente Médio. A única exceção foi Israel, onde o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu celebrou o “dia histórico” para seu país.

A comunidade internacional criticou a decisão de Trump. O presidente da França, Emmanuel Macron, declarou que seu país não está de acordo com a decisão. O papa Francisco pediu que o “status quo” da cidade seja respeitado, alegando que tensões adicionais no Oriente Médio iriam inflamar ainda mais conflitos globais.

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