Como a condenação de Trump pode impactar a corrida eleitoral nos EUA
Apesar de condenação e de outras ações contra Trump, analistas afirmam que episódios têm pouca influência na corrida eleitoral dos EUA
atualizado
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Em meio à corrida eleitoral nos Estados Unidos, Donald Trump se tornou o primeiro ex-presidente do país a ser condenado criminalmente pela Justiça. Na última quinta-feira (30/5), o magnata foi declarado culpado em um caso envolvendo suborno para a ex-atriz pornô Stormy Daniels.
Trump foi considerado culpado por 12 jurados, em Nova York, por fraude contábil ao falsificar registros financeiros com o objetivo de ocultar um pagamento para a ex-atriz pornô pouco antes das eleições de 2016.
Além da atual condenação, cuja pena deve ser anunciada no próximo dia 11 de julho, o republicano de 77 anos ainda enfrenta outros três processos em meio à tentativa de retornar para a Casa Branca após quatro anos.
Outros casos
Além do caso envolvendo a ex-atriz pornô Stormy Daniels, Trump ainda é alvo de uma ação envolvendo uma conspiração com o objetivo mudar o resultado das eleições de 2020, onde foi derrotado e viu Joe Biden ascender ao poder.
Segundo promotores do caso, o então presidente dos EUA teria pressionado autoridades com o objetivo de mudar o resultado do processo eleitoral, além de apoiar a invasão ao Capitólio em janeiro de 2021. Até o momento, o julgamento de Trump foi adiado de forma indefinida.
Ainda sobre o pleito de 2020, Trump enfrenta um outro processo onde é acusado, com cerca de 18 outras pessoas, de conspiração para tentar reverter sua derrota no estado da Geórgia. A data do julgamento ainda não está definida, mas promotores esperam que comece em agosto.
Além disso, o ex-presidente dos EUA é acusado de manipular documentos confidenciais, entre 2017 e 2020, e levá-los da Casa Branca para sua mansão em Mar-a-Lago, na Flórida, após ser derrotado nas eleições.
Influência nas eleições
Pelas leis dos EUA, a condenação de Trump e até mesmo uma possível prisão do ex-presidente não teria impacto direto no processo eleitoral, já que a legislação determina apenas que candidatos cumpram os requisitos de ter nascido nos EUA, morar no país por no mínimo 14 anos e ter ao menos 35 anos para concorrer o pleito.
Segundo pesquisa eleitoral realizada pela Reuters/Ipsos, um dia após o julgamento de Trump, a condenação fez com que o empresário caísse dois pontos nas intenções de voto.
Na sondagem, Biden lidera com 41% enquanto Trump tem 39%. Na pesquisa anterior, realizada entre os dias 7 e 14 de maio, os dois candidatos apareciam empatados com 40%.
Além disso, um em cada dez eleitores do Partido Republicano disseram estar menos propensos a votar em Trump após sua condenação. Contudo, o empresário ainda mantém uma base eleitoral forte, com 56% dos republicanos afirmando que o escândalo não mudou sua intenção de votar no ex-presidente caso o pleito fosse realizado na data da pesquisa.
Apesar dos números que dão uma ligeira vantagem à Biden, analistas ouvidos pelo Metrópoles afirmam que os processos judiciais enfrentados por Trump não devem ter grande influência na corrida eleitoral do país no longo prazo.
“Tudo isso muda muito pouco na visão dos eleitores de Trump”, explica o cientista político André César. “O governo Biden pode buscar caminhos para trabalhar em cima disso, mas ainda não vejo uma estratégia de campanha para que isso [a situação do empresário com a Justiça] seja usado durante a campanha de forma eficiente, fazendo com que os números mudem significativamente”, afirma.