Como será a eleição do novo premiê britânico após saída de Liz Truss
Reino Unido terá novo primeiro-ministro nas próximas semanas. Anúncio da líder abre período de disputa política acirrada no governo
atualizado
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Após 45 dias como chefe de governo, a primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, anunciou que deixará o cargo em meio a um cenário de turbulência econômica severo, nesta quinta-feira (20/10). A saída da premiê abre um período de disputa acirrada, no epicentro do que pode se tornar uma crise política.
Sob forte pressão após anunciar um plano que previa corte amplo e severo de impostos e, em paralelo, um empréstimo bilionário para cobrir o rombo nas contas públicas, Truss deixou o cargo se tornando a premiê mais breve da história do Reino Unido. A proposta foi muito mal recebida no país, em um momento no qual a inflação do Reino Unido ultrapassou os 10% – a maior taxa nos últimos 40 anos.
A líder britânica disse que permanecerá na função até que um substituto seja definido. No anúncio, informou que teve uma reunião com Graham Brady, presidente do parlamento inglês, na qual os dois acertaram os detalhes de uma eleição para o novo líder do partido, “a ser concluída na próxima semana”.
“Isso garantirá que continuemos no caminho para cumprir nossos planos fiscais e manter a estabilidade econômica e a segurança nacional de nosso país. Eu permanecerei como primeira-ministra até que um sucessor seja escolhido”, afirmou.
Com a proposta, a líder do governo tentou sufocar qualquer desafio de governabilidade ou possibilidade de que sejam convocadas eleições gerais, movimento em ascensão entre parlamentares.
Nas eleições que a consagraram sucessora de Boris Johnson, Truss conquistou o voto de pouco mais de 80 mil membros do Partido Conservador – ou 0,17% do eleitorado nacional. Ela derrotou o ex-ministro de Finanças Rishi Sunak.
Disputa acirrada
Em meio à guerra na Ucrânia e os efeitos severos da pandemia de Covid-19 no país, Truss tomou posse em 6 de setembro com muitos desafios pela frente. A premiê de saída, que substituiu Boris Johnson, é a terceira líder do Reino Unido consecutiva a deixar ao cargo antes do fim do mandato.
“A renúncia de Liz Truss joga o Partido Conservador em uma arena de disputa política acirrada e que pode fazer o partido perder o controle do governo”, afirma o cientista político Márcio Coimbra, da Fundação da Liberdade Econômica.
Tecnicamente, o Partido Conservador ainda tem dois anos para convocar uma eleição geral, prevista apenas para 2025. No entanto, em meio à onda de debandada do governo, até membros da da legenda pediram uma votação diante da possibilidade de perder o poder.
No caso das últimas eleições, apenas dois candidatos foram para a disputa final, em consulta para os filiados do partido. Truss e o ex-secretário de Finanças de Boris Johnson, Rashi Sunak. Portanto, ainda é incerto quem e como os Conservadores irão escolher o novo líder que ocuparia também a chefia de governo britânico.
“Há apenas um consenso: precisa ser logo e de forma unida, senão os Trabalhistas irão exigir uma nova eleição onde, seguindo as pesquisas, sairão vencedores”, reforça.