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Combustível, comida e carros: como a guerra tira produtos do mercado

Putin proibiu a venda de 200 produtos até 2023. Contragolpe é um recado geopolítico. Os russos também vão boicotar o comércio internacional

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Em um ambiente de supermercado, pessoas na fila separadas por gôndolas. Ao fundo um carrinho de mercado vazio.
1 de 1 Em um ambiente de supermercado, pessoas na fila separadas por gôndolas. Ao fundo um carrinho de mercado vazio. - Foto: Felipe Menezes/Metrópoles

Pressionada e com prejuízos se acumulando na economia, a Rússia reagiu: proibiu a exportação de uma série de produtos feitos no território comandado por Vladimir Putin.

O contragolpe é um recado geopolítico. Os russos também vão boicotar o comércio internacional, caso o Ocidente continue a penalizar a economia do país com sanções cada vez mais duras.

Putin proibiu a venda de 200 produtos até 2023. Além disso, suspendeu temporariamente as relações com quatro países da União Econômica da Eurásia (UEE).

Putin manda governo sabotar sanções e proíbe a venda de 200 produtos.

Drones, aviões, açúcar, trigo, centeio, cevada, milho, equipamentos tecnológicos, equipamentos de telecomunicações, veículos, máquinas agrícolas, equipamentos elétricos, locomotivas, contêineres, turbinas de aeronaves, máquinas para corte de metais e pedras, e displays de vídeo, entre outros produtos russos, deixarão de ser vendidos.

Até 31 de agosto deste ano, Armênia, Belarus, Cazaquistão e Quirguistão ficarão sem o fornecimento de alimentos exportados pela Rússia. O Kremlin, sede do governo, explica que a medida serve para garantir o mercado doméstico.

Putin está irritado. Na quinta-feira (10/3), ele reuniu integrantes da cúpula do governo das áreas de economia, defesa e comércio exterior.

“As sanções contra a Rússia não são legítimas. O Ocidente tenta culpar a Rússia por seus próprios erros”, reclamou, ao abrir o encontro.

A Rússia tem sofrido embargos sucessivos, cada um mais abrangente do que o outro, após ter invadido a Ucrânia, em 24 de fevereiro. O mais duro deles foi o boicote dos Estados Unidos ao petróleo russo.

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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra

Anastasia Vlasova/Getty Images
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito

Agustavop/ Getty Images
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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local

Pawel.gaul/ Getty Images
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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km

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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia

Andre Borges/Esp. Metrópoles
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país

Poca/Getty Images
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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro

Kutay Tanir/Getty Images
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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta

OTAN/Divulgação
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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território

AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território

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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado

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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles

Vostok/ Getty Images
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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo

Vinícius Schmidt/Metrópoles

Lá, as empresas não podem negociar o produto por tempo indeterminado. O mundo reagiu em cadeia. No Brasil, a Petrobras anunciou o reajuste da gasolina, do diesel e do gás de cozinha. Efeito da guerra.

Não é só. Reino Unido, França, Alemanha, Austrália, Japão, Canadá, Itália e uma série de outros países anunciaram sanções contra produtos, serviços, autoridades e empresários russos. Ao menos 300 multinacionais já deixaram a Rússia.

Putin assiste à inflação subir, ao rublo se desvalorizar e ao mercado interno amargar prejuízos com a disparada dos preços de pão, açúcar e gasolina.

Rússia se tornou o país do mundo sobre o qual mais pesam sanções econômicas, que podem ser impostas a pessoas, empresas, autoridades ou ao governo em si. O país foi alvo de 2,7 mil punições.

A Rússia no mundo

A Rússia possui recursos naturais de forte potencial para seu desenvolvimento econômico. O país tem a maior reserva de gás natural do mundo e umas das maiores reservas de carvão e de petróleo.

Além disso, a economia do Estado é caracterizada por ter fortes setores militar, industrial e científico. O país de Putin é um dos maiores vendedores de armas militares.

A nação russa tem enormes capacidades científicas, é uma das primeiras potências espaciais e faz parte do clube nuclear mundial.

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