Com vacinação avançada, Uruguai vê diminuição no número de casos
País, antes considerado exemplo no controle da pandemia, teve aumento na taxa de morte após férias de fim de ano
atualizado
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Com mais de 45% da população totalmente vacinada, o Uruguai mostra sinais efetivos de uma melhora na pandemia. O país teve uma queda de 52% no número de casos e 40% nas mortes apenas nas últimas duas semanas, avanço significativo após chegar a ter o pior índice de mortalidade do mundo.
A campanha de vacinação uruguaia é uma das mais ágeis do mundo. Até terça-feira (29/6), 63% da população havia tomado a primeira dose, e 45,4%, as duas, segundo dados do Our World in Data.
Os números devem melhorar ainda mais, uma vez que todos com mais de 12 anos podem agendar a imunização. A partir de 5 de julho, o país retomará eventos sem distanciamento social, como festas, espetáculos públicos e eventos sociais.
Variante Delta
O cenário, no entanto, não é livre de preocupações. O Uruguai continua a ter a sexta maior taxa de casos diários por 100 mil habitantes e o sétimo maior número de mortes, segundo o Our World in Data.
Os índices podem aumentar ainda mais a partir de agosto, quando o governo do país acredita que a variante Delta, originalmente descoberta na Índia, deve passar a circular em maior escala em solo uruguaio.
Até o momento, a nova cepa ainda não foi diagnosticada no país, mas as férias de inverno costumam ser um período em que a população viaja para os Estados Unidos, onde a variante já circula.
Para o infectologista Eduardo Savio, a disseminação da cepa Delta, no entanto, poderá ser contida com o avanço da imunização. “O Uruguai está bem blindado com vacinação que tem”, disse Savio ao El País.
Modelo no controle da pandemia
Em 2020, o país foi considerado exemplo no combate à Covid-19. Com testagem em massa e isolamento de pessoas infectados, a pandemia não deixou marcas tão profundas por lá. Entretanto, com a retomada das aulas e a reabertura do comércio, teatros e cinemas, em outubro, os números passaram a aumentar.
A situação ficou crítica após as festas de fim de ano, quando emigrantes voltaram ao Uruguai.
Os casos chegaram a ter uma baixa durante as férias de verão, quando as aulas escolas fecharam e a circulação diminuiu. Porém, em oito para 60 casos diários.
Vacinação
A maior parte da imunização no país é feita com a vacina Coronavac, produzido em parceria com o Instituto Butantan. Em menor escala, doses da Pfizer-BioNTech e da Oxford-AstraZeneca também são aplicadas.
Segundo um estudo preliminar feito pelo Ministério da Saúde Pública uruguaio, a Coronavac impediu o contágio em 57% dos casos, contra 75% da Pfizer. Para hospitalizações em unidades de terapia intensiva, a diminuição foi de 95% para a CoronaVac e 99% para a Pfizer.
Já em relação à mortalidade, o imunizante do laboratório chinês reduziu em 97%, enquanto a Pfizer impediu 80% das mortes. Os dados, no entanto, não são definitivos.
“Essas cifras são preliminares e deve ser interpretadas cautelosamente, já que não levam em conta a idade das pessoas, suas comorbidades e os grupos de exposição elevada (profissionais de saúde). Esses ajustes estatísticos serão comunicados nos próximos informes”, afirmou o relatório.