Com risco de invasão em alta, Ucrânia convoca militares reservistas
Rússia planeja invadir país do leste europeu em retaliação ao ingresso da nação na Otan. Crise tem atingido níveis cada vez mais tensos
atualizado
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Em resposta à escalada do risco de invasão pela Rússia, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, determinou a convocação de militares reservistas. A informação foi confirmada por agências internacionais de notícias.
No início da noite desta terça-feira (22/2), Zelenskiy anunciou a convocação. Essa é a segunda vez que o presidente ucraniano toma uma medida desse tipo. Em janeiro o país realizou treinamentos militares. Na prática, esse é um chamamento que deixa militares aptos a combaterem em um possível confronto.
BREAKING: Ukrainian President Zelenskiy calls up military reservists
— BNO News (@BNONews) February 22, 2022
A convocação ocorreu horas após discursos de lideranças mundiais como dos presidentes da Rússia, Vladmir Putin, e dos Estados Unidos, Joe Biden, além de manifestações da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e da União Europeia. O país também já havia pedido mais armas aos países do Ocidente sob o argumento de “resistência” contra a Rússia.
Em pronunciamento, o presidente ucraniano argumentou que tem procurado soluções diplomáticas, mas que o país estará preparado para um hipotético conflito. A convocação foi anunciada dentro de um plano econômico que prevê mudanças em impostos.
Esse é mais um movimento em torno da crise geopolítica entre a Rússia e a Ucrânia. A terça ficou marcada pela aplicação de sanções contra os russos, ameaças internacionais de respostas a um possível ataque e o mundo em alerta para uma guerra no leste europeu.
Biden entende que, ao reconhecer Donetsk e Luhansk como repúblicas independentes, Putin admitiu que tentará dominar esse território. Segundo o presidente norte-americano, Putin autorizou que militares avancem para outras regiões ucranianas.
“Por que Putin acha que tem direito de dizer que tem direito ao território de outro país? Desrespeita leis internacionais e necessita de respostas da comunidade internacional”, criticou ao anunciar sanções.
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, fez um alerta sobre a possibilidade iminente de um ataque russo à Ucrânia. Stoltenberg pediu calma e defendeu uma solução diplomática. “Nunca é tarde para não atacar. Pedimos à Rússia que recue e desescale militares e se esforce diplomaticamente”, salientou.
Em entrevista no Kremlin, sede do governo russo, Putin voltou a sustentar que a Ucrânia oferece risco à Moscou por ter “grande arsenal de armas nucleares”. Ele repetiu que os vizinhos têm usinas nucleares e podem enriquecer urânio, material básico para bombas atômicas.
“A Ucrânia, desde a época soviética, possui grande força nuclear, como usinas. O que falta para eles é somente um sistema de enriquecimento de urânio. Para a Ucrânia, isso é um problema simples. Para nós, é uma ameaça estratégica”, frisou Putin.
Crise em escalada
A Rússia e a Ucrânia vivem um embate por causa da possível adesão ucraniana à Otan, entidade militar liderada pelos Estados Unidos.
Na prática, Moscou vê essa possível adesão como uma ameaça à sua segurança. Os laços entre Rússia, Belarus e Ucrânia existiam desde antes da criação da União Soviética (1922-1991).
Nos últimos dias, a crise aumentou. A Rússia enviou soldados para a fronteira com a Ucrânia, reconheceu duas regiões separatistas ucranianas como repúblicas independentes e tem intensificado as atividades militares. A Rússia invadiu a Ucrânia em 2014, quando anexou a Crimeia ao seu território.