Veja a primeira imagem nítida de campo magnético em buraco negro
A cena histórica mostra a estrutura do campo magnético localizado na borda do buraco negro, semelhante a um turbilhão de filamentos
atualizado
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Cientistas deram mais um grande passo para a compreensão dos misteriosos buracos negros. Nessa quarta-feira (24/3), astrônomos que revelaram o primeiro buraco negro aos olhos dos mundo conseguiram mostrar a imagem do campo magnético perto de sua borda (veja na galeria de fotos).
A cena histórica foi obtida pela colaboração internacional Event Horizon Telescope (EHT), e é a evidência mais direta já obtida da existência de buracos negros, objetos tão massivos e compactos que nada lhes escapa, nem mesmo a luz.
Na nova imagem é possível ver a luz polarizada, como por meio de um filtro que ajuda a isolar parte do anel luminoso. Ivan Marti-Vidal, que é coordenador de um dos grupos de trabalho do EHT e pesquisador da Universidade de Valência (Espanha), explicou como foi importante observar que o que foi observado é exatamente como os modelos teóricos previam.
“A polarização da luz contém informações que nos permitem compreender melhor a física por trás da imagem vista em abril de 2019, o que não era possível antes. Este é um grande passo”, ressaltou
Essa polarização deixou à mostra a estrutura do campo magnético localizado na borda do buraco negro, semelhante a um turbilhão de filamentos.
Vice-diretor do Instituto de Radioastronomia Milimetrada (Iram), o especialista Frédéric Gueth explicou que esse campo extremamente poderoso, muito mais que o do planeta Terra, opõe uma resistência à força da gravidade do buraco negro, “ocorrendo uma espécie de equilíbrio”.
Em resumo, o campo magnético desempenha o papel fundamental de deixar “escapar” parte da matéria – cerca de 10% – que seria engolida pelo buraco negro. Vale lembrar que, segundo os cientistas, nenhuma matéria sai de um buraco negro uma vez engolida (agregada).
A força magnética ejeta a matéria, que segue em trajetória o longo das linhas do campo e emitindo poderosos jatos de luz a velocidades imensas.
Como nenhuma informação escapa dos buracos negros, não há como observá-los diretamente: o que acontece lá dentro segue sendo um grande mistério para a ciência. O desafio, portanto, é buscar o máximo de informações sobre o que acontece ao redor do buraco negro.
No coração da galáxia
Sob o aspecto de um círculo escuro cercado por um anel flamejante, o gigantesco buraco negro alojado no coração da galáxia Messier 87 (M87), a 55 milhões de anos-luz de distância, apareceu para os cientistas em 10 de abril de 2019.