Twitter suspende 500 contas na Índia em meio a protestos de agricultores
Perfis teriam violado regras da plataforma ao incitarem a violência. Pedido de suspensão foi feito pelo governo indiano, alvo dos protestos
atualizado
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O Twitter informou, nesta quarta-feira (10/2), que suspendeu mais de 500 contas na Índia após pedidos do Ministério de Eletrônica e Tecnologia da Informação, em meio a protestos de agricultores no país.
Há dias, trabalhadores rurais fazem manifestações e greves para pressionar o governo do primeiro-ministro Narendra Modi a recuar de uma série de reformas agrícolas.
A rede social explicou, no entanto, que as contas foram suspensas por “violações claras das regras”, pois apresentavam “exemplos claros de manipulação da plataforma e spam”.
“Agimos contra centenas de contas que violaram as Regras do Twitter, principalmente incitando violência, abuso, desejo de ferir e ameaças que poderiam desencadear o risco de danos offline”, assinalou a plataforma.
A plataforma também reduziu a visibilidade das hashtags “com conteúdo prejudicial” e rotulou mensagens que violaram a política de “mídia sintética e manipulada”.
“O Twitter existe para capacitar vozes a serem ouvidas e continuamos a fazer melhorias em nosso serviço para que todos – não importando suas opiniões ou perspectivas – se sintam seguros em participar da conversa pública”, esclareceu (leia aqui a íntegra do comunicado, em inglês).
Crimes de sedição
Por sua vez, o governo indiano chegou a suspender o acesso à internet em algumas localidades, além de acusar jornalistas críticos de crimes de sedição.
As suspensões de contas promovidas pelo Twitter ocorrem semanas após a plataforma bloquear, permanentemente, o perfil do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Republicanos).
Na ocasião, Trump estaria disseminando notícias falsas ao alegar que a eleição presidencial, na qual o democrata Joe Biden se saiu vitorioso, foi fraudada. O ex-presidente dos EUA também incitou manifestantes a invadirem o Capitólio.
Na semana seguinte, o CEO do Twitter, Jack Dorsey, afirmou que a decisão de bloquear permanentemente o presidente dos Estados Unidos foi acertada, mas abre um “precedente perigoso”.
“Eu não comemoro nem sinto orgulho por termos que banir Donald Trump do Twitter”, disse Jack Dorsey, em uma série de mensagens (thread) publicada na própria rede social.
“Acredito que essa foi a decisão certa. Enfrentamos uma circunstância extraordinária e insustentável, que nos obrigou a concentrar todas as nossas ações na segurança pública”, prosseguiu o presidente executivo.
Apesar dessas exceções “claras e óbvias”, Jack Dorsey disse que a exclusão de Trump da rede social, além de fragmentar o debate público, é uma falha em promover uma conversa saudável.
“Essas ações nos dividem. Limitam o potencial de esclarecimento e aprendizado. E abre um precedente que considero perigoso: o poder que um indivíduo ou empresa tem sobre uma parte das conversas públicas globais”, pontuou.