Terapia do abraço e recrutamento da CIA: veja as curiosidades do SxSW
“Feira de criatividade das indústrias”, da South by Southwest (SxSW), trouxe iniciativas inovadoras do setor
atualizado
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Austin (EUA) – Além de sessões com personalidades, painéis com CEOs e empreendedores, mentorias e sessões de filmes e música, o South by Southwest, festival de cultura realizado em Austin, nos EUA, também tem como atração a “Feira de criatividade das indústrias”. Nesta área – onde estava o carro aéreo da EVE, startup da EmbraerX – são mostrados produtos e iniciativas inovadores de empresas novas, tradicionais, governos e instituições. E, em 2023, circulamos pelo pavilhão para encontrar o que de mais chamou atenção.
Hugtics: a terapia do abraço
Que tal saber como é seu abraço? Aliás, que tal experimentar o poder do abraço, que, dizem, pode até reduzir os riscos de doenças cardíacas? Essa é a proposta do experimento “Hugtics”, dos japoneses da Dentsu, uma agência de publicidade japonesa, e o Motion Data Labs.
O aparelho pode parecer esquisito: vc usa um colete cheio de sensores, que inflam, apertam e desinflam – os chamados “músculos artificiais”. Então, você abraça um manequim, também coberto de sensores, que parecem bolhas. Ao apertadas, elas transmitem para seu colete a exata sensação de pressão do seu abraço. É gostoso? É acolhedor? É relaxante?
Para os criadores do projeto, o Hugtics pode ser usado em terapias: os interessados vestem o colete e basta que alguém dê uma abraço aconchegante no manequim para dezenas de outras pessoas sentirem os benefícios. Parece relaxante, né? E é mesmo!
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Phantom snacks (petisco fantasma)
Mais uma das maluquices da Dentsu, em parceria com o Motion Data Labs, é o “petisco fantasma”. Você usa um fone com indução óssea (que transmite barulhos para a sua mandíbula, que serão captados pelo ouvido), vê uma comida gostosa na tela e mastica. O sensor de inteligência artificial identifica seus padrões de mastigação e manda para o fone com indução óssea barulhos e a sensação de resistência ao mastigar.
E não para por aí: pequenos sensores liberam o cheiro da comida que está sendo devorada. Em Austin, o menu tinha 4 pratos, um cookie de chocolate, uma salada, batatinha frita e uma receita da casa, o “petisco fantasma”.
E é inacreditável. Você mastiga olhando para a tela, o biscoitinho vai sendo “mordido”, você sente e, com o cheiro, tem certeza que mastigou o cookie. Para dar um ar sério, os “chefs” japoneses ficam ali ao lado, incentivando “mastiga, mastiga, mastiga”…
Para a Motion Data Labs, o experimento pode ajudar a aliviar pessoas que tem compulsão por comer, que estão estressadas e estimular a atividade cerebral pela mastigação. E o melhor, sem consumir nenhuma caloria!
My bird buddy – meu amigo passarinho
Das coisas curiosas que já vi, essa certamente entra no top 10. Sabem aqueles enfeites de jardim, com espaço para alpiste, que atraem passarinhos? Pois bem, essa empresa americana criou um “poleiro” (ou qualquer que seja o nome disso) high-tech.
O aparelho tem uma câmera FullHD, com 5MP de resolução e bateria que pode durar até 15 dias – com opção de recarga por energia solar. É a prova d’água e funciona entre -20C e +50C.
Funciona assim: você bota a comida dos pássaros que frequentam seu quintal. O My bird buddy filma, tira fotos, organiza esse material em catálogos (ele consegue reconhecer praticamente todas as espécies catalogadas de pássaros, mais de 50 milhões). É fantástico! Aliás, o My bird buddy foi premiado como uma das melhores inovações do SxSW 2023.
Mas o fabricante avisa: não é a prova de gambás, lagartos, cobras, esquilos e demais predadores naturais dos nossos amiguinhos penosos.
Wehead – seu avatar para reuniões
Sabe aquelas reuniões que, por alguma razão, você não poderá estar? É essa “dor” que o wehead quer resolver. Para contar com sua ilustre presença, basta que, na mesa, haja um wehead – esse aparelho esquisito e quadradão com várias telas que parecem celulares emendados. Na outra ponta, você uma um sensor que vai enviar ao wehear as informações.
Assim, o gadget esquisitão reproduz exatamente o que você fala, suas expressões, movimentos e tom (aumenta e abaixa o volume).
Por meros US$ 1.900, ainda parece ser uma solução distante de ser realidade. Mas, por outro lado, quem estivesse usando um wehead, numa reunião, certamente teria todos os olhares garantidos.
Cabine de recrutamento da CIA
Ok, não é um “gadget”. Nem tampouco é uma nova tecnologia – como o carro aéreo da EVE, startup da EmbraerX, que fez sua primeira aparição nos EUA ali no mesmo pavilhão. Mas que é muito curioso ver a agência de inteligência dos Estados Unidos (a famosa CIA) recrutar num festival como o SxSW é, no mínimo, inusitado.
Basta entrar no estande que alguém puxará papo. “O senhor tem interesse em colaborar com a segurança dos EUA e fazer uma carreira na CIA?”, pergunta a atendente. Gentilmente, declino da oferta (ser brasileiro nem pareceu ser um obstáculo intransponível).
Sou informado das capacidades da CIA, de como um agente tem a sua disposição o melhor da tecnologia mundial. Gosto muito da proposta, mas, dessa vez, recuso a oferta. Saio com uma caneta e um paninho para limpar telas da CIA – espero que eles não estejam “grampeados”…
Lune AMP
Tocar guitarra (ou baixo ou violão…) pode ser uma experiência solitária. Fora o fato de ter que montar cabos, pedais, equipamento de som, de gravação… E transportar isso tudo, então, é um complexo. Para resolver esse problema, a startup americana Lune pensou num equipamento que combinasse todas essas funções em um só. Mas, claro, deu uma incrementada e colocou, adivinhem, inteligência artificial!
Pois é. O Lune AMP tem um som de primeira. Display touch screen, uma infinidade de portas de entrada, software de criação, edição e ensino de música. Assim, você pode aprender com um equipamento que soa profissional e ir desbloqueando funções conforme for tocando melhor.
O Lune, com sua IA, também consegue corrigir distorções e erros. Mas o mais legal é você poder criar avatares para serem sua banda virtual. Os avatares se adaptam ao seu estilo, te acompanham e até erram com você – ou te avisam quando você errou.
E o melhor de tudo: tem rodinhas para ser arrastada para cima e para baixo. O lado ruim é que o Lune, um protótipo, ainda não está sendo vendido.
Concreto de maconha
Que tal construir sua casa com cânhamo? Pois essa indústria – que já está avançada na Europa e na China – cresce a passos largos nos EUA. O cânhamo é um “primo” da maconha – mas com teor menor de “tetra-hidrocanabiodiol”, princípio alucionógeno da erva proibida.
Os fabricantes do concreto de maconha ganharam uma ala com cerca de 10 estandes na exibição de produtos do South by Southwest nesse ano. E chamaram muita atenção. Tijolos de concreto, lã de vidro isolante, acabamentos, frames, piso… Tudo feito com o material.
Segundo os especialistas da feira, o material de construção tem inúmeros benefícios sobre os da construção tradicional. São melhores isolantes térmicos, não são tóxicos, são biodegradáveis, duram mais que o concreto e a madeira. Teoricamente, é mais fácil de produzir (as plantações são rotativas) e as sobras de sua fabricação servem como nutriente para o solo.
O material ainda é cerca de 10% mais caro que o tradicional – e enfrenta problemas de escala de produção, tendo baixa disponibilidade. E, por fim, o concreto de maconha repele mofo e é muito mais resistente ao fogo. Por incrível que pareça, caso pegue fogo, sua fumaça é menos tóxica que madeiras, plásticos e demais materiais tradicionais – e sem efeitos nos humanos.