Troca de tela quebrada de celular permite invasão de criminosos
Pesquisador israelense descobre vulnerabilidade no sistema operacional Android: bandidos podem rastrear movimentos e capturar senhas
atualizado
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Trocar a tela do celular é algo recorrente. Afinal, falta de jeito e a força da gravidade são fatores bem comuns para que a peça se rache ou se quebre e precise ser trocada. Mas e se, ao ser substituída, essa parte tão importante do seu smartphone desse controle total dos seus dados a um cibercriminoso? Foi o que descobriu o pesquisador israelense Omer Shwartz, do laboratório da Deutsche Telekom em Bersebá, Israel, e doutorando da Universidade Ben-Gurion em cibersegurança.
Em testes, Shwartz descobriu uma vulnerabilidade do sistema operacional Android: quando uma tela original é substituída, é possível afetar as configurações internas (firmware) da tela de forma que ela fique sob o controle de um invasor. Dessa forma, o cibercriminoso pode, por exemplo, rastrear os movimentos do usuário, captar suas senhas, ou levá-lo a acessar sites ou baixar aplicativos com conteúdo malicioso.
“Normalmente, o Android avisa o usuário se há algum problema no sistema. Nesse caso, ele não faz isso”, diz o pesquisador. “Tudo parece normal e, se o usuário restaurar o sistema, o problema vai continuar lá, porque ele está nas configurações internas.”
No entanto, fique calmo: após a descoberta, o pesquisador informou o problema ao Google, que já desenvolveu uma correção para a falha de segurança.
Segundo Shwartz, de 31 anos, outras falhas semelhantes podem acontecer na substituição de outras peças de um celular — e em poucos instantes. “É algo que podem fazer se pedirem o teu telefone para uma checagem na imigração de um aeroporto. Você nunca vai saber!”
Um exemplo é o giroscópio, sensor utilizado para medir a rotação do aparelho a partir de vibrações. “Descobri que, se eu fizer o telefone vibrar em uma determinada frequência, posso deixar o giroscópio maluco e abrir espaço para uma invasão.”
Ex-soldado de artilharia do exército israelense, o pesquisador diz que a presença de brechas desse tipo é uma amostra de que a segurança nem sempre é tida como prioridade no desenvolvimento de sistemas. “O código pode ser bom, mas não existe uma preocupação com segurança na cabeça de todos os desenvolvedores.”
Para quem acabou de quebrar a tela do celular e está com medo de ser invadido, porém, ele tem um alento. “A parte boa é que dá muito trabalho fazer uma invasão dessas: você precisa ser alguém importante para que se preocupem em trocar a sua tela só para te afetar”, diz o pesquisador.