Tartarugas de até 2,4 m nadavam na Amazônia há 10 milhões de anos
Esses “monstros marinhos” travaram batalhas épicas por companheiros e território nas águas dos rios da Amazônia
atualizado
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Verdadeiros “monstros marinhos” com mais de uma tonelada e até 2,4 metros de comprimento, algumas das maiores tartarugas travaram batalhas épicas por companheiros e território nas águas dos rios da Amazônia há cerca de 10 milhões de anos.
Segundo os autores de um novo estudo da Universidad del Rosario, de Bogotá, fósseis recém-descobertos indicam que o animal supera qualquer outra tartaruga do passado ou do presente. A Stupendemys geographicus tinha uma distribuição geográfica ampla, num grande arco que ia do estado do Acre ao norte da Venezuela, passando pelo Peru e pela Colômbia.
A equipe liderada por Edwin Cadena publicou, nessa quarta-feira (12/02/2020), os dados sobre o supercasco da espécie e outros fósseis escavados recentemente, na revista Science Advances.
Animais do gênero Stupendemys já são conhecidos desde os anos 1970, tendo adquirido fama pelo tamanho estupendo, como sugere o próprio nome da espécie. “Tudo o que sai do Mioceno da Amazônia é monstruosamente gigante”, lembra o paleontólogo Tito Aureliano, da Unicamp, sobre a época geológica que estes bichos viveram.
Lutas épicas
Segundo os paleontólogos, liderados por Edwin Cadena, os machos carregavam chifres incomuns, usados na disputas por fêmeas. As carapaças com cicatrizes sugerem que eles provavelmente as usaram como defesa nas lutas entre si e para afastar os crocodilos mais de três vezes o seu tamanho.
Além da tartaruga – ou cágado, como são chamadas popularmente as espécies de água doce -, a região também abrigava nessa época o superjacaré Purusaurus (com mais de 12 m) e um parente extinto das capivaras, que podia chegar aos 700kg.
A configuração dos rios sul-americanos era bem diferente no Mioceno. O habitat muito rico em recursos, com comida abundante, e altamente conectado, permitia que os animais aumentassem de tamanho.
O estudo da mandíbula da espécie evidenciou que o “supercágado” tinha dieta variada, que incluía conchas duras de moluscos, peixes e outros vertebrados, além de frutas grandes.