A Lua está encolhendo e sofrendo vários abalos sísmicos, revela Nasa
Estudo da agência espacial evidencia que a superfície lunar diminuiu cerca de 50 metros nas últimas centenas de milhões de anos
atualizado
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Após analisarem mais de 12 mil imagens, cientistas da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) revelaram que a Lua está encolhendo por conta do esfriamento de seu interior. O material produzido pela sonda Reconnaissance Orbiter evidencia que o fenômeno faz com que a superfície do satélite natural ganhe elevações e escarpas (estruturas longas, curvilíneas, que se formam na superfície da Lua), além de causar abalos sísmicos. O estudo foi publicado na Nature Geoscience.
As imagens da sonda mostram pequenas elevações na cratera lunar Mare Frigoris, localizada perto do pólo Norte do satélite. Os cálculos dos especialistas mostram que a superfície lunar diminuiu cerca de 50 metros nas últimas centenas de milhões de anos. O movimento é lento, mas sem pausas.
Em nota, a Nasa compara o processo ao processo de transformação de uva passa. ” Assim como uma uva se enruga quando se reduz a uma passa, a Lua adquire rugas ao encolher. Ao contrário da pele flexível de uma uva, a crosta superficial da Lua é quebradiça, por isso, quebra à medida que a Lua encolhe, formando “falhas de pressão”, onde uma seção da crosta é empurrada para cima sobre uma parte vizinha.”
O efeito teria sido causado por tremores. A Lua perde calor lentamente desde que se formou, há 405 bilhões de anos, provocando a atividade sísmica. Como a superfície lunar é frágil, estas forças geram rupturas a medida que o interior se contrai, dando lugar a elevações, através da sobreposição de camadas do solo.
“Nossa análise dá a primeira evidência de que essas falhas ainda estão ativas e provavelmente produzindo ‘moonquakes’ (tremores na lua) hoje, à medida que a Lua continua a esfriar e encolher gradualmente”, disse Thomas Watters, cientista sênior do Centro de Estudos da Terra e Planetários do Instituto Nacional do Ar e do Espaço do Smithsonian, no Museu em Washington. “Alguns desses terremotos podem ser bastante fortes, em torno de cinco pontos na escala Richter.”
A atividade sísmica na Lua começou a ser medida por astronautas da missão Apolo, nas décadas de 1960 e 1970, quando foi descoberto que a grande maioria dos movimentos ocorreram no interior do satélite, enquanto um número menor estava na superfície. A análise sobre o efeito de encolhimento da Lua examinou os tremores lunares superficiais registrados por estas missões, estabelecendo uma relação entre eles e as elevações recentes na superfície lunar.