China sinaliza reconhecimento ao governo do Talibã no Afeganistão
O presidente da China recebeu as credenciais do embaixador do Talibã na China e sinalizou um reconhecimento do governo fundamentalista
atualizado
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A China deu mais um passo no estreitamento de relações com o Talibã, que governa o Afeganistão desde 2021, ao receber as credenciais do embaixador enviado pelo governo fundamentalista à Pequim nessa terça-feira (30/1).
O diplomata talibã Bilal Karimi foi recebido pelo presidente Xi Jinping em cerimônia que contou com a presença de embaixadores de outros 41 países que foram enviados à China.
A presença do representante do Talibã em meio ao evento que oficializa a atuação dos diplomatas na China é um novo sinal de aproximação do governo Xi com o Talibã, isolado internacionalmente desde que retornou ao poder em 2021.
Desde a retirada das tropas dos Estados Unidos do país, o governo chinês se tornou um importante aliado do Talibã, que viu o país mergulhar em uma profunda crise econômica. Meses após o grupo fundamentalista reassumir o poder, a China destinou mais de US$ 48 milhões em assistência humanitária ao Afeganistão. No ano seguinte, o comércio bilateral entre os dois países girou em torno de US$ 595 milhões.
Já em 2023, o país liderado por Xi Jinping firmou um acordo comercial com os talibãs que previu um investimento no inicial de US$ 150 milhões no Afeganistão para exploração de petróleo no país, podendo chegar à cifra de US$ 540 milhões ao longo de três anos.
Cautela
Apesar de a China já ter pedido que a comunidade internacional suspenda as sanções e reforce o diálogo com o Afeganistão, Pequim mantém cautela ao reconhecer formalmente o governo do Talibã. Após a cerimônia que recebeu os novos embaixadores, o Ministério das Relações Exteriores deu respostas evasivas sobre o assunto.
“Gostaria de dizer que a China acredita que o Afeganistão não deve ser excluído da comunidade internacional”, declarou um porta-voz da pasta ao ser questionado se a presença do embaixador talibã significava que a China reconhecia o governo do Talibã.
“Acreditamos que o reconhecimento diplomático do governo afegão surgirá naturalmente à medida que as preocupações das várias partes forem eficazmente abordadas”, acrescentou.
A postura chinesa se assemelha a da Rússia, que mantém laços com o Talibã mas recentemente afirmou não reconhecer o atual governo do Talibã principalmente pela situação dos direitos das mulheres no país.