China responsabiliza Otan por alimentar guerra entre Rússia e Ucrânia
Após ser acusada de apoiar a Rússia contra a Ucrânia, China diz que Otan tem “responsabilidade indiscutível” na continuidade da guerra
atualizado
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O governo da China responsabilizou, nesta sexta-feira (26/4), a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) pela continuidade da guerra entre Rússia e Ucrânia, que completou dois anos recentemente. A declaração acontece um dia após o chefe da aliança militar ocidental, Jens Stoltenberg, acusar Pequim de fornecer materiais que são utilizados pela indústria da defesa do país liderado por Vladimir Putin e suporte com tecnologias de satélites.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, negou que a administração de Xi Jinping forneça armas ou bens que possam ter uso duplo – industrial ou militar – para ambas as partes do conflito e pediu que a Otan olhe para suas próprias ações.
“A Otan tem uma responsabilidade indiscutível por esta crise. A aliança deve refletir sobre o seu papel, parar de transferir a culpa e fazer algo prático para promover uma solução política para a crise”, declarou Wenbin.
Atualmente, os três principais países que financiam militarmente a Ucrânia fazem parte da aliança militar. Segundo dados do Instituto Kiel, Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido lideram o suporte militar aos ucranianos, que já ultrapassa os 58 bilhões de euros.
Blinken visita China
A nova troca de farpas ocorre em meio aos esforços de Pequim e Washington em colocar panos quentes na tensão que gira em torno da relação das duas potências mundiais. Na última quarta-feira (24/4), o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, iniciou uma visita na China, onde realizou diversas reuniões com autoridades locais, inclusive com Xi Jinping. Contudo, declarações oficiais após os encontros não sinalizam um avanço positivo nas negociações.
Nesta sexta-feira (26/4), durante entrevista coletiva realizada em Pequim, Blinken afirmou que o apoio da China à Rússia na guerra contra a Ucrânia foi um dos pontos discutidos durante sua visita ao país. Segundo o diplomata, o governo de Xi Jinping foi alertado de que o auxílio chinês, por meio da exportação de materiais, será respondido, caso continue.
“Estamos analisando as ações que estamos totalmente preparados para tomar, caso não vejamos uma mudança”, disse o representante dos EUA. “Já impusemos sanções a mais de 100 entidades chinesas, controles de exportação e estamos totalmente prontos para tomar medidas adicionais”, declarou.
Já o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, declarou que “fatores negativos nas relações sino-americanas continuam a crescer e a acumular-se”, apesar dos esforços diplomáticos dos dois países para estabilizar os laços.
O chanceler chinês pediu que os Estados Unidos não cruzem o “sinal vermelho” e parem de interferir nos assuntos internos da China.
“Os Estados Unidos não devem interferir nos assuntos internos da China, não devem reprimir o desenvolvimento da China e não devem ultrapassar o sinal vermelho em relação à soberania, segurança e aos interesses de desenvolvimento da China”, disse
Além disso, Wang Yi afirmou que o futuro da relação entre os dois países depende da decisão dos EUA de ter a China como um parceiro ou rival.