China diz que mais de 10 balões dos EUA sobrevoaram território chinês
Autoridades chinesas responderam acusações dos EUA, e informaram que balões ultrapassaram espaço aéreo do país mais de 10 vezes em 2022
atualizado
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O governo da China informou, nesta segunda-feira (13/2), ter registrado pelo menos 10 balões dos Estados Unidos (EUA) sobrevoando o território chinês no ano passado, sem permissão. O governo norte-americano negou a informação.
A declaração ocorre após acusação de Washington de que Pequim opera uma frota de balões de vigilância em todo o mundo. Os governos dos EUA e do Canadá dizem ter derrubado três dispositivos voadores não identificados (OVNIs), suspeitos de serem balões “espiões”, no último fim de semana.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin, não deu detalhes sobre os supostos balões dos EUA, como eles foram tratados ou se tinham ligações com o governo ou militares.
“Também é comum que os balões dos EUA entrem ilegalmente no espaço aéreo de outros países”, disse Wang em um briefing diário. “Desde o ano passado, balões de alta altitude dos EUA sobrevoaram ilegalmente o espaço aéreo da China mais de 10 vezes sem a aprovação das autoridades chinesas.”
Wang emedou que os EUA deveriam “primeiro refletir sobre si mesmos”, em vez de “difamar e instigar um confronto” com o gigante asiático.
Há pelo menos duas semanas, as potências globais vivem um conflito de narrativas. Enquanto o Pentágono afirma ter identificado um dispositivo chinês de espionagem, capaz de detectar inteligência a partir de “sinais de comunicação”. A China alega que o balão abatido era um dirigível não tripulado, usado para fins meteorológicos.
Em Washington, a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Adrienne Watson, rebateu as acusações, e garantiu que qualquer alegação de que o governo dos EUA opera balões de vigilância sobre a China é falsa.
“É a China que tem um programa de balão de vigilância de alta altitude para coleta de informações, conectado ao Exército Popular de Libertação, que usou para violar a soberania dos Estados Unidos e de mais de 40 países nos cinco continentes”, disse Watson.
“Este é o exemplo mais recente da China lutando para controlar os danos. Ele alegou repetidamente e erroneamente que o balão de vigilância que enviou sobre os Estados Unidos era um balão meteorológico e até hoje não ofereceu nenhuma explicação confiável para sua invasão em nosso espaço aéreo e no espaço aéreo de outros”, emendou.
Instabilidade diplomática
O dispositivo voador resultou em uma crise diplomática entre EUA e China, após escalada no clima de tensão entre os dois países. Diante do incidente, o Secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, decidiu cancelar uma viagem marcada para Pequim.
Segundo autoridades, quatro dispositivos semelhantes ao balão derrubado por Washington em 4 de fevereiro foram avistados nos últimos três dias. São eles:
- O objeto do tamanho de um carro, encontrado na sexta-feira (10) e abatido enquanto voava sobre o Alasca;
- No sábado (11), um objeto cilíndrico foi derrubado sobre o Canadá;
- Outro objeto em forma octagonal foi abatido, no domingo (12), em um lago na fronteira entre EUA e Canadá;
- Também no domingo (12), a China disse ter encontrado um OVNI na região da costa Leste.
O Pentágono trabalha com a informação de que os objetos voadores sejam versões menores do balão chinês derrubado na Carolina do Sul, em 4 de fevereiro.
Além dos quatro artefatos destruídos, há a suspeita de que outros objetos voadores estejam circulando pelo continente. Integrantes do governo dos EUA afirmaram que há indícios de que um balão espião chinês teria sido avistado na América Latina e que, provavelmente, um terceiro está operando em algum outro lugar.