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Chile escolhe intelectual indígena mapuche para liderar Constituinte

Elisa Loncón conduzirá os trabalhos que resultarão no texto constitucional que substituirá o criado na ditadura Augusto Pinochet

atualizado

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1 de 1 Elisa-Loncon-1 - Foto: Reprodução

Em meio a protestos nos arredores do antigo palácio legislativo de Santiago, o Chile implementou neste domingo (4/7) sua Assembleia Constituinte e elegeu uma intelectual indígena de origem mapuche para presidir a elaboração da nova Carta do país. Com 96, dos 155 votos, Elisa Loncón conduzirá os trabalhos que resultarão no texto constitucional que substituirá o criado na ditadura Augusto Pinochet (1973-1990).

O início da sessão foi marcado por confrontos entre manifestantes que pediam o fim da repressão policial no país e a libertação de ativistas presos nos protestos de 2019, que culminaram com o plebiscito que resultou na eleição da Constituinte.

“Esta convenção constitucional é um sonho que transformará o Chile”, disse a presidente da Assembleia após assumir o cargo. Segundo ela, o objetivo dos constituintes é representar a pluralidade do país e garantir à população direitos sociais e a proteção do meio ambiente.

Elisa é uma das 17 parlamentares que ocupam os cargos reservados para os povos originários chilenos, dos quais os mapuche são os mais representativos. A vice-presidência da Constituinte ficou com o conservador Harry Jungersen.

A linguista chilena assumiu o cargo com um traje típico e portando a bandeira mapuche, e saudou os deputados em sua língua nativa. A maioria dos 155 constituintes não tem experiência política.

Na eleição de maio, os partidos conservadores não conseguiram o objetivo de impedir a maioria de um terço que lhes permitiria vetar mudanças significativas no texto da atual Carta.

Confronto com os policiais

Do lado de fora do antigo prédio do Congresso chileno – hoje a sede do Poder Legislativo fica em Valparaíso – protestos organizados por grupos independentes, de esquerda e indígenas acabaram em confronto com os policiais. Alguns dos manifestantes tentaram invadir o prédio e passar pelas barreiras de segurança. A polícia reagiu.

Do lado de dentro, quando a sessão começou com todos cantando o hino nacional, houve apitos e gritos de alguns constituintes dizendo: “Sem mais repressão!”. Eles se aproximaram da mesa onde haveria o juramento de posse e o clima de grande tensão e a cerimônia foi suspensa.

Em seguida, um grupo de constituintes, em sua maioria independentes, saíram às ruas para exigir que as forças especiais se retirassem da área, no centro da capital. Alguns deles, como a deputada Vale Miranda, de apenas 20 anos, tentaram negociar com a polícia o fim do bloqueio. Ela acusou os policiais de agressão.

Apesar da vitória de independentes e esquerdistas na Constituinte, o impasse indica que o Chile ainda se encontra polarizado depois dos protestos contra a desigualdade social que tomaram o país em 2019 e foram duramente reprimidos pelo governo de Sebastián Piñera.

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