Chega a 722 o número de mortes por conta de coronavírus
Um norte-americano está entre os mortos; apenas dois casos aconteceram fora da China
atualizado
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Chegou a 722 o número de mortes por conta do coronavírus, incluindo um norte-americano que estava internado em Wuhan, capital da província de Hubei, que é considerado epicentro da epidemia que já infectou mais de 34.500 pessoas na China continental (que exclui Hong Kong e Macau). O número aumentou em 86 nas últimas 24 horas. Um japonês, que estava internado com suspeita de contaminação pelo vírus, também morreu em Wuhan.
A epidemia continua a se espalhar fora da China continental. Mais de 320 casos de infecção foram confirmados em cerca de 30 países e territórios, incluindo duas mortes em Hong Kong e nas Filipinas. O saldo já é próximo ao da epidemia de SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), que matou 774 pessoas em todo o mundo em 2002-2003.
Por conta do avanço do vírus, Hong Kong passou a aplicar uma medida drástica a partir deste sábado (08/02/2020). Quem chega da China continental é obrigado a se isolar por duas semanas em casa, no hotel ou em qualquer outro alojamento. Quem resistir, pode pegar seis meses de prisão. Os habitantes armazenam papel higiênico e alimentos. A cidade já fechou quase todos os postos de fronteira com o resto da China.
Medidas de confinamento continuam em vigor em muitas cidades chinesas, onde dezenas de milhões de pessoas permanecem trancadas em casa. A cidade e a província de Hubei, da qual Wuhan é a capital, estão isoladas do mundo há duas semanas por um cordão sanitário.
Além da quarentena em Hong Kong, muitos países restringem as medidas contra pessoas da China e desaconselham a viagem ao país. Milhares de viajantes e tripulantes permanecem confinados em dois cruzeiros na Ásia. No Japão, o número de pessoas infectadas no cruzeiro “Diamond Princess” atingiu 64 casos neste sábado, incluindo um argentino. Cerca de 3.700 pessoas a bordo permanecem trancadas nas cabines.
Em Hong Kong, 3.600 pessoas sofreram o mesmo destino no “World Dream”, onde oito ex-passageiros tiveram resultados positivos. O Japão proibiu a atracação de outro navio de cruzeiro porque um passageiro infectado é suspeito de estar a bordo.
Na China, a população se revoltou por conta da morte, na sexta-feira (07/02/2020), do médico Li Wenliang, oftalmologista de Wuhan, que alertou no final de dezembro sobre o aparecimento do vírus, antes de contraí-lo. Inicialmente, ele foi acusado de espalhar boatos. Agora é considerado um herói nacional e mártir diante das autoridades locais acusadas de esconder o início da epidemia.
O choque e a raiva ainda estão vivos nas redes sociais chinesas, onde o rótulo “Pedimos liberdade de expressão” causou furor antes de ser censurado. Pequim reagiu anunciando uma investigação sobre “as circunstâncias” da morte do médico. Os vídeos compartilhados na rede social Weibo mostraram um pequeno grupo de pessoas assobiando na noite de sexta-feira, 7, em frente ao hospital central de Wuhan, onde o médico morreu. Também houve uma vigília para ele em Hong Kong.
O município de Wuhan concedeu a sua família 800.000 yuanes (quase R$ 500 mil) como “seguro de cobertura de acidentes de trabalho”, segundo a agência Xinhua.
Trabalhadores saturados de centros médicos ainda são muito vulneráveis ao vírus: 40 funcionários de um hospital universitário em Wuhan foram infectados em janeiro, segundo um estudo publicado na Jama.
Embora a hipótese de que o vírus viesse de um morcego parecesse confirmada, os cientistas chineses anunciaram que o pangolim poderia ser o “hospedeiro intermediário” que transmitiu o agente infeccioso aos seres humanos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) indicou que 82% dos casos registrados são considerados leves, 15% graves e 3% “críticos” e menos de 2% foram fatais. Uma taxa de mortalidade muito menor que a da SARS.
A epidemia é uma atividade paralisante na China, onde muitas empresas e fábricas permanecem fechadas. Espera-se que afete a economia mundial devido ao peso da gigante asiática.