Chefe da ONU cobra empenho na distribuição igualitária de vacinas
António Guterres criticou falta de solidariedade e afirmou que enquanto países desperdiçam doses, 90% dos países africanos não tem campanhas
atualizado
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O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, criticou o desequilíbrio mundial na distribuição de vacinas contra a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Para ele, o mundo está na “beira do abismo” e “caminhando na direção errada”.
Na abertura da Assembleia Geral, Guterres frisou que, enquanto vacinas foram desperdiçadas em alguns países, sendo jogadas fora vencidas, 90% dos países da África ainda não conseguiram iniciar campanhas de imunização.
Nesta terça-feira (21/9), o chefe da ONU cobrou mais solidariedade dos chefes de Estados. “Falta desejo político e confiança. A maioria do mundo vacinado e ainda 90% dos países africanos não conseguiu vacinar-se. É algo imoral, obsceno, do nosso tempo”, frisou.
Guterres salientou que a desigualdade é um mal que tem assolado o mundo e prejudica os mais pobres. “Bilionários felizes viajando para o espaço, enquanto milhares passam fome”, ironizou, se referindo à inauguração de viagens turísticas ao espaço.
Segundo o secretário-geral, outra doença se espalha para o mundo: a desconfiança. “Estamos no caminho da destruição”, ponderou. Ele ainda cobrou “paz, direitos humanos e dignidade para todos”.
Ele emendou: “Temos que encarar o momento da verdade e restaurar a confiança e inspirar a esperança. Os problemas que criamos são aqueles que podemos resolver”, concluiu.
Clima de tensão
O discurso de Guterres foi duro em relação aos problemas climáticos que o mundo atravessa. Ele cobrou mais empenho na diminuição da emissão de gases do efeito estufa.
“O alarme do clima também está soando forte. Vimos os sinais. Perda de biodiversidade, da qualidade do ar… Os cientistas nos dizem que não é muito tarde para mantermos os parâmetros do Acordo de Paris. Porém, a estimativa é que as emissões irão subir até 16% até 2030”, indicou.
Guterres afirmou que o mundo precisa transcender governos e focar no futuro. “Parecemos que estamos a anos luz dos nossos alvos. A Covid-19 e a crise climática expuseram dificuldades do planeta”, reforçou.