A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) informou, nesta segunda-feira (7/3), que um centro de pesquisa nuclear produtor de radioisótopos para fins medicinais e industriais foi danificado por bombardeios na cidade de Kharkiv, na Ucrânia. Segundo o órgão regulador nacional, porém, o incidente não causou aumento nos níveis de radiação.
O diretor-geral da AIEA, Rafael Mariano, disse que, como o material nuclear utilizado no local está sempre abaixo do nível crítico e o inventário de suprimentos radioativos também é muito baixo, não houve maiores consequências.
Entretanto, Mariano ressaltou que incidentes envolvendo instalações nucleares durante a guerra têm potencial de ter proporções muito maiores. Na última sexta-feira (4/3), um prédio da maior usina nuclear da Europa, a Zaporizhzhia, foi incendiado durante confrontos entre tropas russas e ucranianas.
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro
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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta
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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território
AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território
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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado
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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles
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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo
“Precisamos agir para evitar um acidente nuclear na Ucrânia, que pode ter consequências severas para a saúde pública e o meio-ambiente. Não podemos esperar”, disse Mariano.
O diretor-geral ainda ressaltou já ter se mostrado disponível para ir a Chernobyl – palco do maior acidente nuclear da história e hoje sob domínio das forças russas – a fim de garantir a segurança das usinas nucleares durante a guerra.
“Eu disse que estou disposto a ir até Chernobyl, mas pode ser qualquer lugar, desde que facilite essa ação urgente e necessária.”
Dos 15 reatores ucranianos, oito ainda estão em funcionamento no país, incluindo dois em Zaporizhzhia.
#Ukraine informed the IAEA that a new nuclear research facility producing radioisotopes for medical and industrial applications had been damaged by shelling in #Kharkiv on Sunday. The incident did not cause any increase in radiation levels at the site. https://t.co/7eMUuzI7ixpic.twitter.com/cAbPNhp6VT
— IAEA – International Atomic Energy Agency (@iaeaorg) March 7, 2022
Chernobyl sob controle russo
Tropas russas tomaram, em 24 de fevereiro, a usina de Chernobyl, onde aconteceu o acidente de 1986 que deixou ao menos 31 vítimas diretas e inúmeras nos anos seguintes em função da radiação recebida.
O Exército russo, no entanto, não permitiu que os 210 funcionários e guardas que atualmente estão no local fossem substituídos. O mesmo grupo trabalha há 12 dias.