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Catacumbas de Paris passam por reforma para preservar ossos

As Catacumbas de Paris, um dos principais pontos turísticos da capital francesa, recebem quase 600 mil visitantes por ano

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1 de 1 Imagem colorida de catacumbas de Paris - Metrópoles - Foto: Olivier Favier/RFI

A maior necrópole do mundo, as Catacumbas de Paris, é também um dos principais pontos turísticos da cidade, recebendo quase 600.000 visitantes por ano. O local passa atualmente por uma reforma histórica, para evitar a deterioração dos ossos ali depositados. A restauração é minuciosa e será concluída em 2026, mas as Catacumbas permanecem abertas durante o período.

As paredes construídas com ossadas corriam o risco de desmoronar e foram desmontadas. Elas serão reconstruídas, mantendo os crânios incrustados. Os ossos foram retirados e passam por uma triagem. Úmeros, tíbias ou fêmures são separados por categorias e guardados em grandes sacos.

“O espírito é idêntico ao do criador das Catacumbas, Héricart de Thury, que trabalhava na época com uma equipe de mineiros. Nós temos pedreiros que são pessoas que manipulam pedras e aplicam as técnicas para fazer paredes de pedra para fazer paredes de ossos”, explica a administradora das Catacumbas, Isabelle Knafou.

Estima-se que seis milhões de parisienses foram enterrados nas catacumbas, mas este número poderia ser muito maior. Nenhuma contagem dos ossos foi realizada até hoje e poucas pesquisas científicas foram feitas sobre o local.

Atualmente, uma equipe de pesquisadores dirigida pelo professor Philippe Charlier, médico legista e antropólogo, aproveita o desmonte da estrutura de ossos para estudá-los, com o objetivo de revelar o estado de saúde dos parisienses da época.

Mas para Isabelle Knafou, a reestruturação da necrópole tem outras funções mais filosóficas. “Nos permite refletir sobre o que é a própria estrutura das catacumbas, isto é, o fato de pensamos que vamos todos morrer”, analisa.

“É uma forma de confrontação com a morte e, para muitos visitantes, é a primeira. Na nossa sociedade, em que é um grande tabu, é uma maneira relativamente tranquila de abordar esta questão, com a distância dos anos. Aqui estamos rodeados de mortos, mas não são nossos mortos, são mortos da humanidade, parisienses que viveram há muitos séculos”, diz.

Transmissão

Ela insiste sobre a riqueza espiritual e histórica do lugar. “Estamos aqui em uma lógica de patrimônio, de patrimonialização do local. Fazemos tudo no intuito que isso dure no tempo e para que possamos transmitir às gerações futuras. Este não era o espírito da época”, diz.

Implantadas em Paris em 1786, em antigas minas para acolher ossos provenientes de cemitérios da cidade até 1860, as catacumbas de Paris foram abertas aos visitantes em 1809. São 1.000 m² de espaço, a 20 metros sob a terra, que abriga os restos humanos de milhões de mulheres, homens e crianças que morreram em Paris entre os séculos 10 e 18.

Segundo a prefeitura da capital francesa, além da preservação do patrimônio, a reforma também visa melhorar o conforto da visita, graças a um ambiente totalmente renovado, em um projeto que “destaca toda a história do local”.

Leia mais reportagens como essa em RFI, parceiro do Metrópoles.

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