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Carlos Ghosn: “Escapei da injustiça e da perseguição política”

Ex-presidente da aliança Renault-Nissan confirmou que está no Líbano e acusou sistema judicial japonês de parcial

atualizado

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1 de 1 carro7 - Foto: EFE/ Kimimasa Mayama

O ex-presidente da aliança Renault-Nissan, Carlos Ghosn, afirmou em comunicado divulgado nesta terça-feira (31/12/2019), que foi para o Líbano para escapar do que chamou de “um sistema judicial japonês parcial onde prevalece a presunção de culpa”. O brasileiro, de 65 anos, deixou a prisão domiciliar em Tóquio na última segunda.

“Não fugi da Justiça – escapei da injustiça e da perseguição política. Agora posso finalmente me comunicar livremente com a mídia e estou ansioso para começar na próxima semana.”, disse o ex-executivo, que responde acusações de má conduta financeira e seria julgado em abril de 2020.

De acordo com o jornal libanês al-Jumhuriya, Ghosn chegou a Beirute em um avião procedente da Turquia. O principal advogado do ex-executivo, Junichiro Hironaka, disse estar surpreso com a notícia de que seu cliente foi para o Líbano. “Fomos pegos completamente de surpresa. Estou chocado”, afirmou.

“Estou ansioso para que a inocência seja alcançada, mas parece que ele não concordou com a justiça no Japão. Ele deixou tudo aqui, as coisas estão no quarto dele. Se ele voltar, vamos trabalhar juntos”, comentou Hironaka.

Ainda não se sabe como Ghosn deixou a prisão, já que seus três passaportes (brasileiro, francês e libanês) foram detidos por seus advogados e ele estava sob vigilância das autoridades. Fontes citadas pela emissora pública NHK afirmam que ele fugiu usando uma identidade falsa.

Prisão
O ex-executivo foi preso em novembro de 2018 acusado de não declarar mais de R$ 160 milhões que ganhou entre 2010 e 2015, de usar indevidamente bens da Nissan em benefício próprio, de ter dado prejuízo à montadora de automóveis em uma transferência de fundos e de repassar à empresa uma dívida particular.

Ghosn passou 130 dias na prisão desde novembro de 2018. Foi libertado sob fiança pela primeira vez em março de 2019, mas voltou a ser preso no começo de abril. Sob pagamento de uma fiança de R$ 33,8 milhões, no fim de abril ele obteve prisão domiciliar em condições estritas que incluíam a instalação de câmeras nas entradas e saídas de sua residência, proibição do uso de internet ou envio e recebimento mensagens de texto.

As condições da dentenção de Ghosn são alvo de crítica dos advogados e da família desde o início. Em novembro, ele foi autorizado a falar por videoconferência com sua esposa Carole após quase oito meses sem contato. Em agosto deste ano, em entrevista ao Estado, ela cobrou uma posição do governo brasileiro.

“É hora de o presidente brasileiro se envolver e perguntar ao primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, por que esse homem está na prisão”, disse. “Passaram-se nove meses e não há data para um julgamento. Não tivemos sequer acesso às evidências da acusação.”

Acusações
Desde o início do caso, Ghosn considera ser vítima de um “complô” por parte de executivos da companhia que queriam impedir seu a fusão da montadora japonesa com a Renault. Durante uma audiência preliminar em outubro, sua defesa pediu a anulação do processo contra ele no Japão e acusou os promotores de “ações ilegais” e conluio com a Nissan para derrubá-lo.

Um dia antes de ser preso, Carlos Ghosn divulgou uma mensagem em vídeo dizendo que os exectuviso da Nissan fizeram “jogo sujo”. Além de se declarar inocente, ele afirmou que suas ações foram “distorcidas” para que ele parecesse ganancioso.

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