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Investigadores sul-coreanos que estão analisando o acidente de um voo da Jeju Air, que matou 179 pessoas, disseram na quarta-feira (1º/1) que enviarão uma das caixas pretas recuperadas para análise nos Estados Unidos.
O Boeing 737-800 estava transportando 181 pessoas da Tailândia para a Coreia do Sul no domingo (29), quando emitiu um chamado de socorro e fez um pouso forçado antes de colidir com uma barreira e pegar fogo, matando todos a bordo, exceto dois comissários de bordo retirados dos destroços em chamas.
Investigadores sul-coreanos e americanos, incluindo da Boeing, têm vasculhado o local do acidente no sudoeste de Muan desde o desastre.
“O gravador de dados de voo danificado foi considerado irrecuperável para extração de dados no território nacional”, disse o vice-ministro de Aviação Civil da Coreia do Sul, Joo Jong-wan. “Foi decidido hoje o envio do material para os Estados Unidos para análise em colaboração com o Conselho Nacional de Segurança no Transporte dos EUA.”
Joo havia dito anteriormente que ambas as caixas pretas do avião foram recuperadas, e que a extração inicial da caixa de voz da cabine já havia sido concluída. “Com base nesses dados preliminares, planejamos começar a convertê-los para o formato de áudio”, disse ele, indicando que os investigadores poderiam ouvir as últimas comunicações dos pilotos.
A segunda caixa preta, o gravador de dados de voo, “foi encontrada com um conector ausente”, disse Joo.
Inicialmente, as autoridades apontaram uma colisão com aves como uma possível causa do desastre, mas desde então disseram que a investigação também estava examinando uma barreira de concreto no final da pista, que um vídeo dramático mostrou o Boeing 737-800 colidindo antes de pegar fogo. Eles também informaram que uma inspeção especial de todos os modelos Boeing 737-800 operados por companhias aéreas locais estava verificando o trem de pouso, após questionamentos sobre uma possível falha mecânica no acidente.
As inspeções em andamento “estão se concentrando principalmente no trem de pouso, que não foi devidamente acionado neste caso”, disse Yoo Kyeong-soo, diretor-geral de política de segurança da aviação.
A questão “provavelmente será analisada pela Comissão de Investigação de Acidentes por meio de uma revisão abrangente de vários depoimentos e evidências durante o processo de investigação”, disse o ministério dos Transportes, responsável pela aviação civil, em uma coletiva de imprensa.
Homenagens
No aeroporto de Muan, centenas de pessoas fizeram fila na quarta-feira (1) — feriado nacional na Coreia do Sul — para prestar homenagens em um altar montado em homenagem às vítimas. Muitas pessoas compareceram ao memorial e a fila se estendeu por centenas de metros e a rede de celular local ficou sobrecarregada, conforme reportado pela mídia local.
Autoridades locais emitiram um alerta de segurança pedindo que as pessoas fossem para outro memorial, já que o do aeroporto estava muito lotado. Outros altares em memória das vítimas foram montados em todo o país.
Dentro do aeroporto, onde famílias estão acampadas desde o acidente, um espaço médico foi criado para administrar soro intravenoso aos parentes afetados, muitos incapazes de comer devido ao estresse, informou um oficial durante uma coletiva.
Todas as vítimas identificadas
As autoridades disseram que os corpos estavam severamente danificados pelo acidente, tornando o trabalho de identificação das vítimas lento e extremamente difícil, enquanto os investigadores precisavam preservar as evidências do local do acidente.
Mas o presidente interino do país, Choi Sang-mok, que está no cargo há menos de uma semana, disse na quarta-feira que o processo de identificação foi finalmente concluído e que mais corpos foram entregues aos parentes para que pudessem realizar os funerais.
“Nossos investigadores, juntamente com o Conselho Nacional de Segurança no Transporte dos EUA e o fabricante, estão conduzindo uma investigação conjunta sobre a causa do acidente”, disse Choi em uma reunião. “Uma análise e revisão abrangente da estrutura da aeronave e dos dados das caixas pretas revelará a causa do acidente”, acrescentou.
Especialistas dos EUA chegaram na segunda-feira e seguiram diretamente para Muan, com a investigação inicial no local focando no sinalizador de localização, um sistema de auxílio ao pouso usado em outros aeroportos do país, que em Muan foi instalado na parede de concreto onde o Boeing se chocou.
O avião estava transportando, em sua maioria, turistas de volta de viagens de fim de ano para Bangkok. Todos os passageiros eram cidadãos coreanos, exceto dois tailandeses.
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